quarta-feira, 16 de abril de 2014

A casa de Hades 71 ao 78 e Glossário

Capítulo LXXI - Annabeth

O QUE É ISSO?, ROSNOU o deus das profundezas. Por que você veio, meu filho renegado?
Damásen encarou Annabeth com uma mensagem clara nos olhos: Vão! Agora! Ele se virou para Tártaro. O drakon maeônio bateu as patas no chão e rosnou.
— Pai, você não desejava um adversário mais à sua altura? — perguntou Damásen com calma. — Eu sou um dos gigantes dos quais você tanto se orgulha. Não queria que eu fosse mais beligerante? Talvez eu comece destruindo você!
Damásen preparou sua lança e atacou.
O exército monstruoso se fechou ao seu redor, mas o drakon maeônio destruía tudo em seu caminho, agitando a cauda e lançando veneno enquanto Damásen atacava Tártaro e forçava o deus a recuar como um leão encurralado.
Bob se afastou da batalha cambaleando, com o tigre-dentes-de-sabre ao lado. Percy deu a eles o máximo de cobertura que pôde. Fez veias no chão explodirem uma atrás da outra. Alguns monstros foram vaporizados pela água do Estige. Outros levaram uma ducha do Cócito e desmoronaram, chorando desesperançosos. Outros foram banhados pelo Lete e, com olhos vazios, ficaram observando ao redor, sem saberem ao certo onde estavam ou mesmo quem eram.
Bob foi mancando até as Portas. Icor dourado escorria dos ferimentos em seus braços e peito. O uniforme de zelador estava em farrapos. O titã estava retorcido e curvado, como se ao quebrar sua lança Tártaro tivesse quebrado alguma coisa dentro dele. Apesar de tudo isso, estava sorrindo e com os olhos prateados brilhando de satisfação.
— Vão — ordenou ele — eu vou segurar o botão.
Percy olhou para o titã, preocupado.
— Bob, você não está em condições de...
— Percy — a voz de Annabeth estava trêmula. Ela se odiou por deixar Bob fazer aquilo, mas sabia que era a única maneira. — Precisamos ir.
— Não podemos simplesmente deixar os dois!
— Você precisa fazer isso, amigo — Bob deu um tapinha no braço de Percy que quase o derrubou — ainda consigo apertar um botão. E tenho um bom gato para cuidar de mim.
Bob Pequeno dentes-de-sabre rugiu, concordando.
— Além disso, é seu destino retornar ao mundo — disse Bob — e pôr um fim nessa loucura de Gaia.
Um ciclope aos gritos, dissolvendo-se por causa do veneno de drakon, foi lançado por cima de suas cabeças. A cinquenta metros, o drakon maeônio atropelava monstros. O barulho de seus passos era úmido, como se estivesse pisoteando uvas. Montado nele, Damásen berrava insultos e provocava o deus das profundezas, atraindo Tártaro para mais longe das portas.
Tártaro o perseguiu com passos pesados. Suas botas de ferro faziam crateras no chão.
Você não pode me matar!, gritou ele. Eu sou o próprio abismo. É a mesma coisa que tentar matar a terra. Gaia e eu... somos eternos. Nós possuímos você, sua carne e seu espírito!
Ele baixou seu punho enorme, mas Damásen desviou e enfiou sua lança no pescoço de Tártaro.
Tártaro grunhiu, parecendo mais irritado que ferido. Virou seu rosto, o redemoinho de vácuo, na direção do gigante, mas Damásen saiu do caminho bem a tempo. Uns dez monstros foram sugados para o interior do vórtice e se desintegraram.
— Bob, não! — disse Percy com olhos suplicantes. — Ele vai destruí-lo para sempre. Sem volta. Sem regeneração.
Bob deu de ombros.
— Quem sabe o que vai acontecer? Vocês precisam ir agora. Tártaro tem razão sobre uma coisa: nós não podemos derrotá-lo. Só podemos ganhar tempo para vocês.
As Portas tentaram fechar, mas o pé de Annabeth estava no caminho.
— Doze minutos — disse o titã. — posso dar isso a vocês.
— Percy... segure as portas — Annabeth deu um pulo e jogou os braços em volta do pescoço do titã.
Beijou seu rosto com os olhos tão cheios de lágrimas que não conseguia ver direito. A barba por fazer de Bob cheirava a produtos de limpeza: lustra-móveis com aroma fresco de limão e outros produtos para limpar madeira.
— Monstros são eternos — disse para ele, tentando não cair no choro — vamos nos lembrar de você e de Damásen como heróis, como o melhor titã e o melhor gigante. Vamos contar para nossos filhos. Vamos manter a história viva. Um dia vocês vão se regenerar.
Bob esfregou os cabelos dela. Um sorriso fez surgirem rugas em torno de seus olhos.
— Isso é bom. Até lá, amigos, digam oi ao sol e às estrelas por mim. E sejam fortes. Este pode não ser o último sacrifício que terão que fazer para deter Gaia.
Ele a empurrou com delicadeza.
— Não há mais tempo. Vá.
Annabeth agarrou o braço de Percy. Ela o puxou para o elevador. Teve um último vislumbre do drakon maeônio sacudindo um ogro como se fosse um fantoche e de Damásen atacando as pernas de Tártaro.
O deus das profundezas apontou para as Portas da Morte e gritou: Monstros, detenham-nos!
Bob Pequeno dentes-de-sabre armou um bote e rosnou, pronto para lutar.
Bob piscou para Annabeth.
— Mantenham as portas fechadas do seu lado — disse ele — elas vão resistir à sua passagem. Segurem...
As portas deslizaram e fecharam.

Capítulo LXXII - Annabeth

— PERCY, ME AJUDE! — PEDIU ANNABETH, assustada.
Ela jogou todo o peso do corpo na porta da esquerda para mantê-la fechada. Percy fez o mesmo do lado direito. Não havia maçanetas nem nada em que se segurar. Conforme o elevador subia, as Portas sacudiam e tentavam se abrir, ameaçando lançá-los no que quer que houvesse entre a vida e a morte.
Os ombros de Annabeth doíam. A música ambiente típica de elevador não ajudava. Se todos os monstros tinham que ouvir aquela música sobre gostar de piñas coladas e ser pego pela chuva, não era de se espantar que chegassem ao mundo mortal loucos por uma carnificina.
— Deixamos Bob e Damásen para trás — disse Percy com a voz falhando — eles vão morrer por nós, e nós simplesmente...
— Eu sei — respondeu ela — pelos deuses do Olimpo, Percy, eu sei.
Annabeth estava quase feliz por ter que se preocupar em manter as Portas fechadas. O medo que sentia pelo menos evitava que ela caísse no choro. Abandonar Damásen e Bob tinha sido a coisa mais difícil que fizera na vida.
Por anos no Acampamento Meio-Sangue, Annabeth sofria quando outros colegas saíam em missões enquanto ela ficava para trás. Tinha visto outros conquistarem inúmeras glórias... ou fracassarem e não voltarem. Desde os sete anos, ela pensava: Por que não posso provar minhas habilidades? Por que não posso liderar uma missão?
Agora entendia que o teste mais difícil para uma filha de Atena não era liderar uma missão ou enfrentar a morte em combate. Era tomar a decisão estratégica de sair do caminho e deixar que outra pessoa ficasse com a parte mais perigosa, especialmente quando essa pessoa era sua amiga. Precisava encarar o fato de que não podia proteger todo mundo que amava. Não podia resolver todos os problemas.
Ela odiava isso, mas não tinha tempo para se lamentar. Piscou para afastar as lágrimas.
— Percy, as Portas — alertou.
Elas começaram a deslizar e se abrir, deixando entrar um sopro de... ozônio? Enxofre?
Percy empurrou seu lado com toda a força e a fresta se fechou. Seus olhos queimavam de raiva. Annabeth esperava que não fosse raiva dela, mas se fosse, não podia culpá-lo.
Se isso fizer com que ele siga em frente, então é melhor que fique com raiva.
— Vou matar Gaia — balbuciou ele — vou despedaçá-la com minhas próprias mãos.
Annabeth assentiu, mas estava pensando sobre o que Tártaro dissera. Ele não podia ser morto. Nem Gaia. Nem titãs e gigantes podiam enfrentar tamanho poder. Semideuses não tinham a menor chance.
Ela também se lembrou do aviso de Bob: Este pode não ser o último sacrifício que terão que fazer para deter Gaia.
Algo lhe disse que o titã estaria certo.
— Doze minutos — murmurou ela — doze minutos.
Então rezou para Atena. Pediu que Bob conseguisse segurar o botão por esse tempo todo, e também pediu força e sabedoria. Perguntou-se o que iriam encontrar quando chegassem ao fim daquela viagem de elevador.
Caso seus amigos não estivessem lá, controlando o outro lado...
— Nós vamos conseguir — disse Percy — nós temos que conseguir.
— É — disse Annabeth — é, temos, sim.
Mantiveram as portas fechadas enquanto o elevador estremecia e a música continuava a tocar. Em algum lugar abaixo deles, um titã e um gigante sacrificavam suas vidas para que os dois pudessem fugir.

Capítulo LXXIII - Hazel

HAZEL NÃO ESTAVA ORGULHOSA DE ter chorado.
Após o túnel desabar, chorou e gritou como uma criança de dois anos fazendo birra. Não podia mover os escombros que separavam a ela e a Leo dos outros. Se a terra se movesse mais um pouco, tudo poderia desabar sobre as suas cabeças. Ainda assim, socou as pedras e gritou palavrões que teriam lhe valido uma lavagem da boca com sabão de lixívia na Academia St. Agnes.
Leo olhou para Hazel, com os olhos arregalados e sem palavras.
Não estava sendo justa com ele.
A última vez que estiveram sozinhos, partilharam um flashback e o apresentara a Sammy, seu bisavô e o primeiro namorado de Hazel. Ela o sobrecarregara com uma bagagem emocional da qual Leo não precisava, e deixara-o tão confuso que quase foi morto por um monstruoso camarão gigante.
Agora, ali estavam os dois, sozinhos novamente, enquanto seus amigos podiam estar morrendo nas mãos de um exército de monstros, e ela estava dando um chilique.
— Sinto muito.
Ela limpou o rosto.
— Ei, sabe... — Leo deu de ombros. — Já ataquei algumas pedras também.
Ela engoliu com dificuldade.
— Frank está... ele...
— Ouça — disse Leo — Frank Zhang tem habilidades. Provavelmente vai se transformar em um canguru e dar alguns golpes de jiu-jitsu marsupial naquelas carrancas horrorosas.
Ele a ajudou a se levantar. Apesar do pânico fervendo dentro dela, Hazel sabia que Leo estava certo. Frank e os outros não estavam desamparados. Descobririam um jeito de sobreviver. O melhor que ela e Leo podiam fazer era seguir em frente.
Ela olhou para Leo. Seu cabelo crescera e estava mais bagunçado, o rosto mais magro, de modo que ele se parecia menos com um diabinho e mais com um desses elfos de contos de fadas. A maior diferença estava nos olhos. Estavam constantemente à deriva, como se Leo estivesse procurando por algo.
— Leo, sinto muito.
Ele ergueu uma sobrancelha.
— Ok. Mas por quê?
— Por... — Ela gesticulou ao redor, impotente. — Tudo. Por pensar que você era Sammy, por iludi-lo. Quer dizer, não pretendia, mas se eu fiz isso...
— Ei.
Leo apertou-lhe a mão, mas Hazel nada percebeu de romântico no gesto.
— As máquinas foram feitas para funcionar.
— O quê?
— Acredito que o universo é basicamente como uma máquina. Não sei quem fez isso, se foram as Parcas, os deuses, ou o Deus com D maiúsculo, ou qualquer outro ente. Mas funciona como deve a maior parte do tempo. Claro, algumas peças quebram e as coisas dão errado de vez em quando, mas, na maioria das vezes... tudo acontece por um motivo. Tipo nos encontrarmos.
— Leo Valdez, você é um filósofo — maravilhou-se Hazel.
— Não. Sou apenas um mecânico. Mas acho que meu bisabuelo, Sammy, manjava das coisas. Ele a deixou ir, Hazel. Meu trabalho é lhe dizer que está tudo bem. Você e Frank... vocês combinam. Todos superaremos isso. Espero que tenham a chance de serem felizes. Além disso, Zhang não consegue amarrar os sapatos sem a sua ajuda.
— Isso é cruel — repreendeu Hazel, mas sentiu como se algo estivesse se desatando dentro dela, um nó de tensão que vinha carregando havia semanas.
Leo realmente mudara. Hazel estava começando a pensar que encontrara um bom amigo.
— O que aconteceu com você enquanto esteve sozinho? — perguntou ela. — Quem conheceu?
Os olhos de Leo estremeceram.
— É uma longa história. Eu vou contá-la um dia, mas ainda estou esperando para ver onde isso vai dar.
— O universo é uma máquina. Por isso vai dar tudo certo — disse Hazel.
— Tomara.
— Desde que não seja uma de suas máquinas — acrescentou Hazel — porque elas nunca fazem o que devem.
— Muito engraçadinha. — Leo invocou fogo em sua mão. — Agora, qual o caminho, Miss Mundo Inferior?
Hazel examinou o caminho à sua frente. A uns dez metros dali, o túnel se dividia em quatro artérias menores, todas idênticas, mas a da esquerda irradiava frio.
— Por ali — concluiu — parece ser o mais perigoso.
— Estou nessa — disse Leo.
Eles começaram a descer.

* * *

Assim que chegaram ao primeiro arco, Gale, a doninha, os encontrou.
Gale correu até Hazel e enroscou-se em volta de seu pescoço, guinchando, zangada, como se dissesse: Onde você esteve? Você está atrasada.
— Essa doninha flatulenta outra vez — reclamou Leo — se essa coisa soltar um pum assim tão perto do meu fogo, vamos explodir.
Gale chiou um palavrão de doninha para Leo.
Hazel mandou os dois se calarem. Podia sentir que o túnel à frente inclinava-se levemente para baixo por cerca de uns cem metros e, em seguida, abria-se em uma grande câmara. Nela havia uma presença... fria, pesada, poderosa. Hazel não sentia nada parecido desde a caverna no Alasca, onde Gaia a obrigara a ressuscitar Alcioneu, o gigante. Hazel frustrara os planos da deusa na ocasião, mas precisou fazer a caverna desabar, sacrificando a sua vida e a de sua mãe. Ela não estava ansiosa para passar por uma experiência semelhante.
— Leo, prepare-se — sussurrou ela — estamos perto.
— Perto de quê?
Uma voz feminina ecoou pelo corredor:
— Perto de mim.
Uma onda de náusea atingiu Hazel com tanta força que seus joelhos dobraram. O mundo inteiro rodou. Seu senso de direção, geralmente impecável no subterrâneo, ficou completamente confuso.
Ela e Leo pareciam não terem se movido, mas subitamente se viram cem metros mais abaixo no corredor, na entrada da câmara.
— Bem-vindos — disse a voz feminina — aguardei ansiosamente por isso.
Os olhos de Hazel esquadrinharam a caverna. Não conseguia ver quem estava falando. O lugar lembrava o Panteão de Roma, só que era decorado no estilo Hades Moderno. As paredes de obsidiana eram entalhadas com cenas de morte: vítimas da peste, cadáveres no campo de batalha, câmaras de tortura com esqueletos pendurados em gaiolas de ferro, tudo adornado com pedras preciosas que de algum modo tornavam as cenas ainda mais medonhas.
Como no Panteão, o teto abobadado era composto por um padrão de painéis quadrados rebaixados, mas ali cada painel era uma estela, uma lápide com inscrições em grego antigo. Hazel se perguntou se de fato havia cadáveres por trás delas. Com seus sentidos subterrâneos fora de sintonia, não era possível ter certeza.
Hazel não viu outras saídas. No cume do teto, onde ficaria a claraboia do Panteão, brilhava um círculo de pedra negra, como se para reforçar a ideia de que não havia nenhum jeito de escapar daquele lugar: nenhum céu lá em cima, apenas a escuridão.
Os olhos de Hazel voltaram-se para o centro da câmara.
— Sim — murmurou Leo — são portas, com certeza.
A uns quinze metros dali, havia um conjunto de portas de elevador isoladas, com painéis entalhados em prata e ferro. Havia fileiras de correntes em ambos os lados, fixando a moldura a grandes ganchos no chão.
A área ao redor das portas estava repleta de entulho negro. Com uma sensação de raiva crescente, Hazel percebeu que ali havia um antigo altar para Hades, que fora destruído para abrir espaço para as Portas da Morte.
— Onde você está? — gritou Hazel.
— Não nos vê? — provocou a voz feminina. — Pensei que Hécate a escolhera por suas habilidades.
Outro surto de mal-estar tomou conta do intestino de Hazel. Em seu ombro, Gale rosnou e soltou gases, o que não ajudou.
Manchas escuras flutuaram diante dos olhos de Hazel. Piscou para afastá-las, mas só ficaram mais escuras. As manchas se consolidaram em uma figura sombria de seis metros de altura que pairava junto às Portas.
O gigante Clítio estava envolto em fumaça negra, assim como aparecera em sua visão na encruzilhada, mas agora Hazel podia distinguir vagamente a sua forma: pernas de dragão com escamas cinzentas, um enorme tronco humanoide envolto por uma armadura de ferro estígio, cabelo comprido e trançado que parecia ser feito de fumaça. Sua pele era tão escura quanto a da Morte (Hazel devia saber, já que conhecera a Morte pessoalmente). Seus olhos brilhavam, frios como diamantes. Não portava nenhuma arma, mas isso não o tornava menos aterrorizante.
Leo assobiou.
— Sabe, Clítio... para um cara tão grande, até que você tem uma bela voz.
— Idiota — sibilou a mulher.
A meio caminho entre Hazel e o gigante, o ar tremulou. A feiticeira apareceu.
Trajava um elegante vestido sem mangas tecido com fios de ouro e tinha o cabelo escuro preso em um coque rodeado de diamantes e esmeraldas. Em torno de seu pescoço, usava um pingente em forma de labirinto em miniatura, preso à ponta de uma corrente cravejada de rubis que fizeram Hazel pensar em gotas de sangue cristalizadas.
A mulher era bela de um jeito atemporal, régia – como uma estátua que você pode até admirar, mas jamais poderia amar. Seus olhos brilhavam com malícia.
— Pasifae — disse Hazel.
A mulher inclinou a cabeça.
— Minha querida Hazel Levesque.
Leo tossiu.
— Vocês se conhecem? Como parceiras de Mundo Inferior, ou...
— Silêncio, idiota — a voz de Pasifae era tranquila, mas repleta de veneno — não tenho tempo para meninos semideuses, sempre tão cheios de si, tão atrevidos e destrutivos.
— Ei, moça — protestou Leo — não destruo as coisas. Sou um filho de Hefesto.
— Um faz-tudo — retrucou Pasifae — pior ainda. Conheci Dédalo. Suas invenções só me trouxeram problemas.
Leo piscou.
— Dédalo... tipo, o Dédalo? Bem, então deve saber tudo sobre a gente, os faz-tudo. Gostamos mais de consertar, construir e, ocasionalmente, enfiar chumaços de oleado na boca de senhoras rudes...
— Leo.
Hazel estendeu o braço sobre o peito dele. Ela tinha a sensação de que a feiticeira estava a ponto de transformá-lo em algo desagradável caso Leo não calasse a boca.
— Deixe-me resolver isso, certo?
— Ouça a sua amiga — disse Pasifae — seja um bom menino e deixe as mulheres conversarem.
Pasifae caminhou lentamente diante deles, examinando Hazel com os olhos tão cheios de ódio que fizeram a sua pele formigar. O poder irradiava da feiticeira como o calor de uma fornalha. Sua expressão era perturbadora e vagamente familiar...
De algum modo, porém, o gigante Clítio irritava mais Hazel.
Ele ficou em segundo plano, silencioso e imóvel, exceto pela fumaça escura que emanava de seu corpo, acumulando em torno de seus pés. Ele era a presença mais fria que ela já sentira, como um grande depósito de obsidiana, tão pesado que Hazel não poderia movê-lo, poderoso, indestrutível e completamente desprovido de emoção.
— Seu... seu amigo não fala muito — observou.
Pasifae olhou para o gigante e fungou com desdém.
— Reze para que ele fique em silêncio, minha querida. Gaia me deu o prazer de lidar com você, mas Clítio é o meu, hum, seguro. Apenas entre nós, como feiticeiras irmãs, creio que ele também está aqui para manter os meus poderes sob controle, no caso de esquecer as ordens de minha nova senhora. Gaia é muito cuidadosa.
Hazel estava tentada a retrucar, dizendo que não era uma feiticeira. Não queria saber como Pasifae planejava “lidar” com eles, ou como o gigante mantinha a sua magia sob controle. Mas endireitou as costas e tentou parecer confiante.
— Seja lá o que esteja planejando, não vai funcionar — disse Hazel — matamos cada monstro que Gaia pôs diante de nós. Se vocês forem espertos, sairão do nosso caminho.
Gale, a doninha, rangeu os dentes em sinal de aprovação, mas Pasifae não pareceu impressionada.
— Você não me parece ter muito valor — ponderou a feiticeira — mas, afinal, semideuses nunca parecem. Meu marido, Minos, o rei de Creta? Era filho de Zeus. Apenas olhando para ele, jamais desconfiaria. Ele era quase tão magrelo quanto aquele ali.
Ela apontou para Leo.
— Uau — murmurou Leo — Minos deve ter feito algo realmente horrível para merecer você.
As narinas de Pasifae se inflaram.
— Ah... você não faz ideia. Ele era orgulhoso demais para fazer os sacrifícios adequados a Poseidon, de modo que os deuses puniram a mim por sua arrogância.
— O Minotauro — lembrou-se Hazel subitamente.
A história era tão revoltante e grotesca que Hazel sempre tampava os ouvidos quando a contavam no Acampamento Júpiter. Pasifae fora condenada a se apaixonar pelo touro premiado do marido. Dera à luz o Minotauro, metade homem, metade touro.
Agora, enquanto Pasifae a fuzilava com os olhos, Hazel percebeu por que sua expressão era tão familiar.
A feiticeira tinha no olhar a mesma amargura e ódio que a mãe de Hazel exibia de vez em quando. Em seus piores momentos, Marie Levesque olhava para a filha como se fosse uma criança monstruosa, uma maldição dos deuses, a fonte de todos os seus problemas. É por isso que a história do Minotauro incomodava Hazel. Não apenas a imagem repulsiva de Pasifae e do touro, mas a ideia de que uma criança, qualquer criança, pudesse ser considerada um castigo para seus pais, um monstro a ser trancado e odiado. Para Hazel, o Minotauro sempre fora a vítima da história.
— Sim — disse Pasifae afinal — minha desgraça era insuportável. Depois que meu filho nasceu e foi trancado no labirinto, Minos se recusou a ter qualquer coisa comigo. Disse que tinha arruinado a sua reputação! E você sabe o que aconteceu com Minos, Hazel Levesque? Por seus crimes, por seu orgulho? Foi recompensado. Tornou-se um juiz dos mortos no Mundo Inferior, como se tivesse o direito de julgar os outros! Hades deu-lhe essa posição. Seu pai.
— Plutão, na verdade.
Pasifae zombou.
— Irrelevante. Então como percebe, odeio semideuses, tanto quanto odeio os deuses. Gaia me prometeu que, se qualquer um dos seus irmãos sobreviverem à guerra, poderei vê-los morrer lentamente em meu novo domínio. Só gostaria de ter mais tempo para torturar vocês corretamente. Que pena...
No centro da câmara, as Portas da Morte emitiram um agradável som de sino. O botão verde de SUBIR no lado direito da moldura começou a brilhar. As correntes estremeceram.
— Ali, estão vendo? — Pasifae deu de ombros, se desculpando. — As portas estão funcionando. Mais doze minutos, e elas se abrirão.
O estômago de Hazel estremeceu quase tanto quanto as correntes.
— Mais gigantes?
— Felizmente, não — disse a feiticeira — estão todos mobilizados no mundo mortal, prontos para o ataque final — Pasifae lançou-lhe um sorriso frio — não, imagino que as Portas estejam sendo utilizadas por outra pessoa... alguém não autorizado.
Leo deu um passo à frente. Fumaça emanava de seus punhos.
— Percy e Annabeth.
Hazel não conseguia falar. Não tinha certeza se o nó na garganta era de alegria ou frustração. Se os amigos tivessem conseguido chegar às Portas, se realmente apareceriam ali em doze minutos...
— Ah, não se preocupe — Pasifae fez um gesto de desdém — Clítio cuidará deles. Quando ouvirem a campainha outra vez, alguém do nosso lado precisará apertar o botão de SUBIR ou as Portas não se abrirão, e quem estiver lá dentro... puf. Já era. Ou talvez Clítio os deixe sair para lidar com eles pessoalmente. Isso depende de vocês.
Hazel sentiu um gosto metálico na boca. Ela não queria perguntar, mas tinha de fazê-lo.
— Como exatamente isso depende de nós?
— Bem, obviamente, precisamos de apenas um grupo de semideuses vivos — disse Pasifae — os dois sortudos serão levados para Atenas e sacrificados para Gaia no Banquete da Esperança.
— Obviamente — murmurou Leo.
— Então? Serão vocês dois, ou seus amigos no elevador? — A feiticeira estendeu as mãos. — Veremos quem ainda estará vivo em doze... na verdade, onze minutos agora.
A caverna se dissolveu em escuridão.

Capítulo LXXIV - Hazel

O GPS EMBUTIDO DE HAZEL ficou descontrolado.
Ela se lembrou de quando era muito pequena, em Nova Orleans, no final da década de trinta, e sua mãe a levou ao dentista para extrair um dente ruim. Foi a primeira e única vez que Hazel experimentou éter. O dentista prometeu que aquilo a deixaria sonolenta e relaxada, mas Hazel sentiu como se estivesse flutuando para longe de seu corpo, em pânico e fora de controle.
Quando o efeito do éter passou, ela ficou doente por três dias.
Aquilo parecia uma superdose de éter.
Parte dela sabia que ainda estava na caverna. Pasifae estava apenas alguns metros à sua frente. Clítio esperava em silêncio ao lado das Portas da Morte. Mas camadas de Névoa envolviam Hazel, confundindo seu senso de realidade. Ela deu um passo à frente e trombou com uma parede que não deveria estar ali.
Leo encostou as mãos na pedra.
— Que diabos? Onde estamos?
Um corredor se estendia para a esquerda e para a direita. Tochas ardiam em suportes de ferro. O lugar cheirava a mofo, como um túmulo antigo. No ombro de Hazel, Gale chiou furiosamente, cravando suas garras na clavícula dela.
— Sim, eu sei — murmurou ela para a doninha — é uma ilusão.
Leo socou a parede.
— Uma ilusão bastante sólida.
Pasifae riu. Sua voz soou fraca e distante:
— É uma ilusão, Hazel Levesque, ou algo mais? Não percebe o que acabei de criar?
Hazel estava tão tonta que mal conseguia ficar de pé, muito menos pensar direito. Ela tentou expandir seus sentidos, ver através da Névoa e encontrar a caverna novamente, mas tudo o que sentiu foram túneis se dividindo em dezenas de direções, indo para todos os lugares, exceto para a frente.
Pensamentos aleatórios pipocaram em sua mente, como pepitas de ouro vindo à superfície: Dédalo. A prisão do Minotauro. Morrer lentamente em meu novo domínio.
— O Labirinto — disse Hazel — ela está refazendo o Labirinto.
— O quê? — Leo estava batendo na parede com um martelo de bola, mas se virou e franziu a testa. — Pensei que o Labirinto tivesse desabado durante a batalha no Acampamento Meio-Sangue, tipo, que ele estava ligado à força vital de Dédalo ou algo assim, e então ele morreu.
Pasifae soltou um muxoxo de desaprovação.
— Ah, mas eu ainda estou viva. Você acha que Dédalo é o responsável por todos os segredos do labirinto? Eu coloquei vida mágica nele. Dédalo não era nada comparado a mim, a feiticeira imortal, filha de Hélio, irmã de Circe! Agora o Labirinto será meu domínio.
— É uma ilusão — insistiu Hazel — nós só precisamos atravessá-la.
Enquanto dizia isso, as paredes pareciam ficar cada vez mais sólidas, o cheiro de mofo mais intenso.
— Tarde demais — cantarolou Pasifae — o Labirinto já foi despertado. Ele vai se espalhar sob a superfície da terra mais uma vez enquanto o mundo mortal é dizimado. Vocês, semideuses... vocês, heróis... vagarão por seus corredores, morrendo lentamente de sede, medo e tormentos. Ou talvez, caso me sinta misericordiosa, morrerão rapidamente e com muita dor!
Buracos se abriram no chão sob os pés de Hazel. Ela agarrou Leo e o empurrou para o lado ao mesmo tempo em que uma fileira de espetos disparou para cima, cravando-se no teto.
— Corra! — gritou Hazel.
O riso de Pasifae ecoou pelo corredor.
— Aonde acha que vai, jovem feiticeira? Está fugindo de uma ilusão?
Hazel não respondeu. Estava muito ocupada tentando permanecer viva. Atrás deles, diversas fileiras de espetos disparavam contra o teto com um persistente tump, tump, tump.
Ela puxou Leo para um corredor lateral, pulou uma armadilha feita com uma corda e então parou à beirada de um poço de seis metros de diâmetro.
— Acha que é muito fundo? — perguntou Leo, ofegante.
Sua calça estava rasgada no lugar onde um dos espetos o acertara de raspão.
Os sentidos de Hazel lhe diziam que o poço tinha pelo menos quinze metros de profundidade e estava repleto de veneno. Mas podia confiar em seus sentidos? Mesmo que Pasifae tivesse criado um novo Labirinto, Hazel acreditava que ainda estavam na mesma caverna, correndo sem rumo para a frente e para trás enquanto Pasifae e Clítio se divertiam assistindo a tudo. Ilusão ou não, a menos que Hazel descobrisse como sair daquele lugar, as armadilhas os matariam.
— Faltam oito minutos — disse a voz de Pasifae — eu sinceramente adoraria vê-los sobreviver. Isso provaria que são sacrifícios dignos para Gaia em Atenas. Mas então, é claro, não precisaríamos de seus amigos no elevador.
O coração de Hazel disparou. Ela olhou para a parede à sua esquerda. Apesar do que seus sentidos lhe diziam, aquela deveria ser a direção das Portas. Pasifae deveria estar bem à sua frente.
Hazel desejou atravessar a parede e estrangular a feiticeira. Em oito minutos, ela e Leo precisavam estar às Portas da Morte para deixar seus amigos saírem.
Mas Pasifae era uma feiticeira imortal com milhares de anos de experiência em feitiços. Hazel não poderia derrotá-la apenas usando a força de vontade. Ela conseguira enganar a Círon, o bandido, mostrando-lhe o que ele esperava ver. Hazel precisava descobrir o que Pasifae mais desejava.
— Sete minutos — lamentou a feiticeira — ah, se tivéssemos mais tempo! Há tantas humilhações que eu gostaria que vocês sofressem...
Era isso, Hazel percebeu. Ela tinha que aceitar o desafio. Tinha que fazer o Labirinto ficar mais perigoso, mais espetacular, precisava fazer Pasifae se concentrar mais nas armadilhas do que na direção para a qual o Labirinto os estava levando.
— Leo, precisamos pular — disse Hazel.
— Mas...
— Não é tão longe quanto parece. Agora!
Hazel pegou a mão dele e ambos saltaram o poço. Ao caírem do outro lado, Hazel olhou para trás e não havia nenhum poço, apenas uma fenda de dez centímetros no chão.
— Vamos!
Eles correram enquanto a voz de Pasifae dizia:
— Ah, querida, não. Você nunca sobreviverá se for por esse caminho. Seis minutos.
O teto acima deles se abriu. Gale, a doninha, chiou alarmada, mas Hazel imaginou um novo túnel que levava para a esquerda – um túnel ainda mais perigoso e que ia para a direção errada.
A Névoa cedeu à sua vontade. O túnel apareceu, e os dois entraram nele.
Pasifae suspirou decepcionada.
— Você não é muito boa nisso, querida.
Mas Hazel sentiu uma centelha de esperança. Ela criara um túnel. Introduzira um pequeno rasgo no tecido mágico do Labirinto.
O chão desabou sob seus pés. Hazel saltou para o lado, puxando Leo com ela. Imaginou outro túnel, voltando pelo caminho de onde vieram, mas repleto de gás venenoso. O Labirinto o criou.
— Leo, prenda a respiração — alertou Hazel.
Eles passaram pela névoa tóxica. Os olhos de Hazel pareciam terem sido mergulhados em molho de pimenta, mas ela continuou correndo.
— Cinco minutos — disse Pasifae — que pena! Queria tanto vê-los sofrer mais...
Eles chegaram a um corredor com ar fresco. Leo tossiu.
— Queria tanto que ela calasse a boca.
Eles se abaixaram sob um garrote de fio de bronze. Hazel imaginou o túnel se curvando um pouquinho na direção de Pasifae. A Névoa cedeu à sua vontade.
As paredes do túnel começaram a se fechar sobre eles. Hazel não tentou impedi-las. Ela as fez se fecharem mais rápido, estremecendo o chão e abrindo rachaduras no teto. Ela e Leo correram para se salvar, seguindo a curva que os aproximava cada vez mais do que ela achava ser o centro da câmara.
— Uma pena — Pasifae comentou — eu gostaria de poder matar vocês seus amigos no elevador, mas Gaia insiste que dois semideuses devem ser mantidos vivos até o Banquete da Esperança, quando seu sangue será bem utilizado! Tudo bem. Precisarei encontrar outras vítimas para meu Labirinto. Vocês dois foram fracassos de quinta categoria.
Hazel e Leo pararam de correr. À frente deles estendia-se um abismo tão largo que ela não conseguia ver o outro lado. De algum lugar na escuridão abaixo, vinha o som de milhares e milhares de cobras sibilantes.
Hazel sentiu-se tentada a recuar, mas o túnel estava se fechando atrás deles, deixando-os ilhados em uma pequena saliência. Gale, a doninha, passeou pelos ombros de Hazel e peidou com ansiedade.
— Tudo bem, certo — murmurou Leo — as paredes são móveis. Têm que ser mecânicas. Preciso de um segundo.
— Não, Leo — falou Hazel — não há caminho de volta.
— Mas...
— Segure a minha mão — disse ela. — No três.
— Mas...
— Três!
— O quê?
Hazel pulou no poço, puxando Leo. Ela tentou ignorar seus gritos e a doninha flatulenta agarrada a seu pescoço, e concentrou-se em redirecionar a magia do Labirinto.
Pasifae riu com prazer, sabendo que a qualquer momento os dois seriam esmagados ou mordidos até a morte em um poço de repleto de cobras. Em vez disso, Hazel imaginou uma rampa na escuridão, bem à sua esquerda. Ela se virou no ar e caiu naquela direção. Ela e Leo acertaram a rampa e deslizaram para dentro da caverna, caindo bem em cima de Pasifae.
— Ai!
A cabeça da feiticeira bateu no chão quando Leo caiu com força sobre seu peito. Por um instante, os três e a doninha formaram uma pilha de corpos estatelados e membros se debatendo. Hazel tentou puxar a espada, mas Pasifae conseguiu levantar-se primeiro. A feiticeira se afastou, o penteado tombando para o lado como a Torre de Pisa. Seu vestido estava manchado de graxa do cinto de ferramentas de Leo.
— Seus miseráveis — gritou ela.
O Labirinto desaparecera. A poucos metros dali, Clítio estava de costas para eles, olhando para as Portas da Morte. Pelos cálculos de Hazel, faltavam cerca de trinta segundos para que seus amigos chegassem. Hazel estava exausta pela corrida através do labirinto enquanto controlava a Névoa, mas precisava lançar mão de mais um truque.
Ela conseguira fazer com que Pasifae visse o que mais desejava. Agora Hazel tinha que fazer a feiticeira ver o que ela mais temia.
— Você deve odiar semideuses de verdade — disse Hazel, tentando imitar o sorriso cruel da feiticeira — nós sempre exigimos o máximo de você, não é mesmo, Pasifae?
— Blasfêmia! — gritou Pasifae. — Vou acabar com vocês! Vou...
— Nós estamos sempre puxando o seu tapete. Seu marido a traiu. Teseu matou o Minotauro e roubou sua filha, Ariadne. Agora, dois fracassos de quinta categoria viraram seu próprio labirinto contra você. Mas você sabia que seria assim, não é mesmo? Você sempre perde no final.
— Eu sou imortal! — gemeu Pasifae. Ela deu um passo para trás, tocando o colar. — Vocês não podem me vencer!
— Você é que não pode vencer — rebateu Hazel. — Veja.
Ela apontou para os pés da feiticeira. Um alçapão se abriu embaixo de Pasifae. Ela caiu, gritando, em um poço sem fundo que não existia de verdade.
O chão se solidificou. A feiticeira se fora.
Leo olhou para Hazel, espantado.
— Como você...
Logo em seguida, a campainha do elevador tocou. Em vez de apertar o botão SUBIR, Clítio afastou-se do painel, mantendo Percy e Annabeth presos lá dentro.
— Leo! — gritou Hazel.
Estavam a dez metros de distância – longe demais para chegarem ao elevador a tempo – mas Leo pegou uma chave de fenda e a lançou como uma faca. Um tiro impossível.
A ferramenta passou por Clítio e se chocou contra o botão SUBIR.
As Portas da Morte se abriram com um sibilo. Fumaça preta começou a sair pela abertura e dois corpos caíram de cara no chão, Percy e Annabeth, parecendo mortos.
Hazel ofegou.
— Ah, deuses...
Ela e Leo tentaram se aproximar, mas Clítio levantou a mão em um gesto inconfundível: parem. Ele ergueu o enorme pé de réptil sobre a cabeça de Percy em aviso.
A fumaça da mortalha do gigante se espalhava pelo chão, cobrindo Annabeth e Percy com neblina escura.
— Clítio, você perdeu — rosnou Hazel — deixe-os ir, ou acabará como Pasifae.
O gigante inclinou a cabeça. Seus olhos de diamante brilhavam. Aos seus pés, Annabeth teve um espasmo, como se tivesse sido atingida por uma descarga elétrica. Ela virou de costas, fumaça preta saindo de sua boca.
— Não sou Pasifae — disse Annabeth com uma voz que não era dela, grave como um contrabaixo — você não ganhou nada.
— Pare com isso!
Mesmo a dez metros de distância, Hazel podia sentir a força vital de Annabeth se esvaindo, seu pulso ficando cada vez mais fraco. Seja lá o que Clítio estivesse fazendo para falar através de Annabeth, aquilo a estava matando.
Clítio cutucou a cabeça de Percy com o pé. O rosto de Percy tombou para o lado.
— Não está morto — as palavras do gigante explodiram na boca de Percy —imagino que deva ser um choque terrível para um corpo mortal voltar do Tártaro. Eles ficarão desacordados por algum tempo.
Clítio voltou sua atenção para Annabeth. Mais fumaça saiu por entre os lábios dela:
— Eu os amarrarei e levarei para Porfírio, em Atenas. Eles são o sacrifício de que precisamos. Infelizmente, isso significa que não tenho mais utilidade para vocês dois.
— Ah, é? — exclamou Leo, com raiva. — Bem, talvez você tenha a fumaça, amigo, mas eu tenho o fogo.
Suas mãos se incendiaram. Ele lançou colunas de chamas brancas contra o gigante, mas a aura de fumaça de Clítio as absorveu no impacto. Tentáculos de fumaça negra consumiram as colunas de fogo, apagando sua luz e calor e cobrindo Leo com escuridão.
O semideus caiu de joelhos, agarrando a própria garganta.
— Não! — Hazel correu na direção dele, mas Gale chiou com urgência em seu ombro, um aviso claro.
— Eu não faria isso — a voz de Clítio reverberou na boca de Leo — você não entende, Hazel Levesque. Eu devoro magia. Destruo a voz e a alma. Você não pode me vencer.
A fumaça negra se espalhou ainda mais pela câmara, cobrindo Annabeth e Percy e se aproximando de Hazel.
O sangue rugia em seus ouvidos. Ela precisava agir, mas como? Se aquela fumaça negra podia incapacitar Leo tão rapidamente, que chance ela teria?
— F-Fogo — gaguejou ela baixinho — você deveria ser vulnerável ao fogo.
O gigante riu, desta vez usando a voz de Annabeth:
— Você estava contando com isso, não é mesmo? É verdade que não gosto de fogo. Mas as chamas de Leo Valdez não são fortes o bastante para me incomodar.
Em algum lugar atrás de Hazel, uma voz suave e lírica disse:
— E quanto às minhas chamas, velho amigo?
Gale chiou com entusiasmo e pulou do ombro de Hazel, correndo até a entrada da caverna, onde havia uma mulher loura com um vestido preto, a Névoa girando ao seu redor.
O gigante cambaleou para trás, trombando nas Portas da Morte.
— Você — disse ele através da boca de Percy.
— Eu — concordou Hécate. Ela abriu os braços. Tochas ardentes surgiram em suas mãos. — Faz milênios que não luto ao lado de um semideus, mas Hazel Levesque mostrou-se digna. O que você me diz, Clítio? Quer brincar com o fogo?

Capítulo LXXV - Hazel

SE O GIGANTE TIVESSE FUGIDO gritando, Hazel teria ficado grata. Em seguida, poderiam tirar o resto do dia de folga.
Clítio a decepcionou.
Quando viu as tochas ardentes da deusa, o gigante pareceu recuperar o ânimo. Bateu o pé, fazendo o chão tremer e quase pisando no braço de Annabeth. Uma fumaça escura ergueu-se ao seu redor até Annabeth e Percy ficarem completamente escondidos. Hazel não conseguia ver coisa alguma além dos olhos brilhantes do gigante.
— Palavras corajosas — disse Clítio através da boca de Leo. — Mas você esqueceu, deusa, que quando nos encontramos pela última vez, teve a ajuda de Hércules e de Dionísio, os mais poderosos heróis do mundo, ambos fadados a se tornarem deuses. Agora você me traz... esses daí?
O corpo inconsciente de Leo se retorcia de dor.
— Pare com isso! — gritou Hazel.
Ela não planejou o que aconteceu em seguida. Apenas sabia que tinha que proteger os amigos. Imaginou-os atrás dela, da mesma forma como imaginara os novos túneis que apareceram no Labirinto de Pasifae. Leo desapareceu e reapareceu aos pés de Hazel, ao lado de Percy e Annabeth. A Névoa rodopiou em torno dela, derramando-se sobre as pedras e envolvendo seus amigos. A Névoa branca chiou e emanou vapor quando encontrou a fumaça negra de Clítio, como lava rolando para dentro do mar.
Leo abriu os olhos e ofegou.
— O-o quê...
Annabeth e Percy permaneceram imóveis, mas Hazel podia sentir os batimentos cardíacos cada vez mais fortes, a respiração cada vez mais uniforme.
No ombro de Hécate, Gale, a doninha, chiou em sinal de admiração.
A deusa se aproximou, com os olhos escuros brilhando à luz das tochas.
— Você está certo, Clítio. Hazel Levesque não é Hércules ou Dionísio, mas creio que a achará tão formidável quanto eles.
Através da mortalha de fumaça, Hazel viu o gigante abrir a boca. As palavras não saíam. Clítio fez uma careta de frustração.
Leo tentou sentar.
— O que está acontecendo? O que posso...
— Cuide de Percy e Annabeth — Hazel sacou a espata — fique atrás de mim. Mantenha-se na Névoa.
— Mas...
O olhar que Hazel lhe lançou deve ter sido mais grave do que ela se deu conta. Leo engoliu em seco.
— Sim, entendi. Névoa branca é bom. Fumaça preta é ruim.
Hazel avançou. O gigante abriu os braços. O teto abobadado estremeceu e a voz do gigante ecoou pela câmara, ampliada cem vezes.
Formidável?, perguntou o gigante. Ele soava como se estivesse falando através de um coro de mortos, usando todas as almas infelizes sepultadas atrás das estelas da cúpula. Porque a menina aprendeu os seus truques de magia, Hécate? Porque permitiu que esses fracotes se escondessem em sua Névoa?
Uma espada apareceu na mão do gigante, uma lâmina de ferro estígio muito parecida com a de Nico, só que cinco vezes maior. Não compreendo por que Gaia acha que algum destes semideuses é digno de sacrifício. Vou esmagá-los como cascas de nozes vazias.
O medo de Hazel se transformou em raiva. Ela gritou. As paredes da câmara emitiram um som crepitante como gelo em água morna, e dezenas de pedras preciosas dispararam em direção ao gigante, perfurando a armadura como balas de chumbo.
Clítio cambaleou para trás, a voz desencarnada gritando de dor. A armadura de ferro estava salpicada de buracos. Icor dourado escorria de um ferimento no braço direito. O manto de escuridão se diluiu. Hazel podia ver a expressão assassina no rosto do gigante.
Você, rosnou Clítio. Sua desprezível...
— Desprezível? — perguntou Hécate calmamente. — Diria que Hazel Levesque conhece alguns truques que nem mesmo eu poderia ensinar.
Hazel ficou à frente de seus amigos, determinada a protegê-los, mas sua energia estava enfraquecendo. A espada pesava em sua mão, e ainda não a usara. Desejou que Arion estivesse ali. Poderia aproveitar a velocidade e a força do cavalo. Infelizmente, seu amigo equino não poderia ajudá-la naquele momento. Era uma criatura nascida para espaços abertos, não para o subterrâneo.
O gigante enfiou os dedos na ferida do braço. Tirou dali um diamante e jogou-o de lado. A ferida fechou.
Então, filha de Plutão, retumbou Clítio, realmente acredita que Hécate leva a sério os seus interesses? Circe era uma de suas favoritas. E Medeia. E Pasifae. E como elas acabaram, hein?
Atrás dela, Hazel ouviu Annabeth despertando, gemendo de dor. Percy murmurou algo que soou como “Bob-bob-bob?”
Clítio adiantou-se, segurando a espada casualmente, como se fossem companheiros em vez de inimigos. Hécate não lhe dirá a verdade. Ela envia acólitos como você para fazer o seu trabalho e correr todos os riscos. Se por algum milagre me incapacitar, apenas então ela será capaz de atear fogo em mim. Então, reivindicará a glória de ter me matado. Sabe como Baco lidou com os gêmeos Aloadas no Coliseu. Hécate é pior. É uma titã que traiu os titãs. Então ela traiu os deuses. Realmente acredita que será fiel a você?
O rosto de Hécate estava ilegível.
— Não posso responder às acusações dele, Hazel — disse a deusa. — Esta é a sua encruzilhada. Você deve escolher.
Sim, encruzilhada. O riso do gigante ecoou. Suas feridas pareciam ter se curado completamente. Hécate lhe oferece obscuridade, escolhas, vagas promessas de magia. Sou o anti-Hécate. Eu darei a você verdade. Eliminarei as opções e a magia. Afastarei a Névoa de uma vez por todas e mostrarei o mundo em todo o seu horror verdadeiro.
Leo esforçou-se para ficar de pé, tossindo como um asmático.
— Estou amando esse cara — ofegou — sério, devemos mantê-lo por perto para dar palestras motivacionais — suas mãos se inflamaram como maçaricos — ou eu poderia apenas incendiá-lo.
— Leo, não — disse Hazel — aqui é o templo do meu pai. Minha responsabilidade.
— Sim, está bem. Mas...
— Hazel — arquejou Annabeth.
Hazel ficou tão feliz ao ouvir novamente a voz da amiga que quase virou, mas sabia que não deveria tirar os olhos de Clítio.
— As correntes... — Conseguiu dizer Annabeth.
Hazel inspirou rápido. Fora uma tola! As Portas da Morte ainda estavam abertas, estremecendo contra as correntes que as prendiam no lugar. Ela teria de quebrá-las para que desaparecessem e, finalmente, ficassem fora do alcance de Gaia.
O único problema: um enorme gigante de fumaça em seu caminho.
Você não pode acreditar seriamente que tem força para isso, repreendeu Clítio. O que você fará, Hazel Levesque: atirar mais rubis? Fazer chover safiras?
Hazel deu-lhe uma resposta. Ergueu a espata e atacou. Aparentemente, Clítio não esperava que ela fosse tão suicida. O gigante foi lento ao erguer a espada. No momento em que desferiu o golpe, Hazel se jogou entre as suas pernas e cravou a espada de ouro imperial em seu gluteus maximus. Não foi a atitude de uma dama. As freiras da St. Agnes reprovariam. Mas funcionou.
Clítio berrou e arqueou as costas, afastando-se dela. A Névoa ainda girava em torno de Hazel, sibilando quando tocava a fumaça negra do gigante.
Hazel percebeu que Hécate a estava ajudando, dando-lhe força para manter um manto defensivo. Também sabia que, no instante em que a sua concentração vacilasse e a escuridão a tocasse, cairia. Se isso acontecesse, não tinha certeza se Hécate seria capaz – ou estaria disposta – a evitar que o gigante esmagasse a ela e a seus amigos.
Hazel correu em direção às Portas da Morte. Sua lâmina quebrou as correntes do lado esquerdo como se fossem feitas de gelo. Pulou para a direita, mas Clítio gritou:
— NÃO!
Por pura sorte ela não foi cortada ao meio. O lado plano da espada do gigante atingiu-a no peito e jogou-a longe. Ela bateu na parede e sentiu ossos se partindo. Do outro lado da câmara, Leo gritou seu nome.
Através de sua visão embaçada, viu um clarão de fogo. Hécate estava ali perto, sua forma tremulando como se estivesse prestes a se dissolver. As tochas pareciam se apagar, mas isso poderia ser apenas porque Hazel estava começando a perder a consciência.
Não podia desistir agora. Ela se obrigou a levantar. Um lado de seu corpo parecia estar cortado por lâminas de barbear. Sua espada estava no chão a uns dois metros dali. Cambaleou em direção à arma.
— Clítio! — gritou Hazel.
Ela quis que aquilo soasse como um desafio corajoso, mas saiu mais como um gemido. Ao menos chamou a atenção dele. O gigante parou de prestar atenção em Leo e nos outros. Quando a viu mancando, riu.
Boa tentativa, Hazel Levesque, admitiu Clítio. É melhor do que eu esperava. Mas apenas magia não pode me derrotar, e você não tem força suficiente. Hécate falhou com você. Assim como falhou com todos os seus seguidores no final.
A Névoa ao redor dela estava se diluindo. No outro extremo da sala, Leo tentava forçar Percy a comer um pouco de ambrosia, embora o garoto ainda estivesse praticamente inconsciente. Annabeth estava desperta, mas ainda tonta, mal conseguindo erguer a cabeça.
Com suas tochas, Hécate ficou observando e esperando – o que enfureceu Hazel a ponto de ela conseguir uma última onda de energia.
Arremessou a espada. Não contra o gigante, mas em direção às Portas da Morte. As correntes no lado direito se quebraram. Hazel desabou em agonia, com um lado do corpo queimando, quando as Portas estremeceram e desapareceram em um brilho de luz roxa.
Clítio rugiu tão alto que seis estelas caíram do teto e se partiram.
— Isso foi pelo meu irmão, Nico — ofegou Hazel — e por você ter destruído o altar do meu pai.
Você perdeu o seu direito a uma morte rápida, rosnou o gigante. Vou sufocá-la nas trevas, lenta e dolorosamente. Hécate não poderá ajudá-la. NINGUÉM poderá ajudá-la!
A deusa ergueu as tochas.
— Não estaria tão certa disso, Clítio. Os amigos de Hazel só precisavam de um pouco de tempo para alcançá-la, tempo que você lhes deu ao ficar se gabando e zombando.
Clítio debochou. Quais amigos? Aqueles fracotes? Eles não são um desafio.
Diante de Hazel, o ar tremulou. A névoa se adensou, criando um portal, e quatro pessoas o atravessaram.
Hazel chorou de alívio. Frank tinha o braço enfaixado e com manchas de sangue, mas estava vivo. Junto a ele, estavam Nico, Piper e Jason, todos com as espadas desembainhadas.
— Desculpem o atraso — disse Jason — esse é o cara que precisa ser morto?

Capítulo LXXVI - Hazel

HAZEL QUASE SENTIU PENA DE Clítio.
Eles atacaram de todas as direções – Leo lançando fogo em suas pernas, Frank e Piper o golpeando no peito e Jason voando e chutando seu rosto. Hazel estava orgulhosa de ver o quanto Piper aprendera com suas aulas de esgrima.
Toda vez que o véu de fumaça do gigante começava a se fechar em torno de um deles, Nico aparecia na hora para cortá-lo, tragando a escuridão com sua espada de ferro estígio.
Percy e Annabeth estavam de pé, parecendo fracos e confusos, mas com as espadas desembainhadas. Onde Annabeth conseguira uma espada? E do que era feita? Marfim? Pareciam querer ajudar, mas não havia necessidade. O gigante estava cercado.
Clítio rosnou, virando-se para trás e para a frente, como se não conseguisse decidir qual deles matar primeiro. Esperem! Fiquem parados! Não! Ui!
A escuridão em torno dele se dissipou completamente, deixando-o sem qualquer proteção além da armadura danificada. Icor escorria de uma dúzia de ferimentos. Eles se curavam quase tão rapidamente quanto eram infligidos, mas Hazel percebeu que o gigante estava ficando cansado.
Jason voou uma última vez em direção ao gigante, chutando-o no peito e quebrando sua armadura. Clítio cambaleou para trás, largou a espada no chão e caiu de joelhos. Os semideuses o cercaram.
Somente então Hécate se aproximou, mantendo as tochas erguidas. A Névoa cobriu o gigante, sibilando e borbulhando ao tocar sua pele.
— E assim termina — disse Hécate.
Isso não terminou. A voz de Clítio ecoou de algum lugar acima, abafada e quase ininteligível. Meus irmãos se levantaram. Gaia espera apenas pelo sangue do Olimpo. Foi preciso todos vocês juntos para me derrotar. O que farão quando a Mãe Terra despertar?
Hécate virou as tochas para baixo e as cravou como punhais na cabeça de Clítio. O cabelo do gigante incendiou mais rápido do que palha seca, o fogo espalhando-se por sua cabeça e por todo o seu corpo até que o calor fez Hazel estremecer. Clítio caiu de cara sobre os escombros do altar de Hades com um baque surdo. Seu corpo se desfez em cinzas.
Por um instante, todos ficaram em silêncio. Hazel ouviu um ruído doloroso e irregular e percebeu que era a sua própria respiração. Um lado de seu corpo parecia ter sido atingido por um aríete.
A deusa Hécate a encarou.
— Você deve ir agora, Hazel Levesque. Tire seus amigos daqui.
Hazel cerrou os dentes, tentando conter a raiva.
— Só isso? Nenhum “obrigada”? Nenhum “bom trabalho”?
A deusa inclinou a cabeça. Gale, a doninha, chiou – talvez um adeus, talvez um aviso – e desapareceu nas dobras da saia da dona.
— Você procura gratidão no lugar errado — disse Hécate. — Quanto ao “bom trabalho”, veremos. Vocês ainda precisam chegar a Atenas. Clítio não estava errado. Os gigantes despertaram, todos eles, e estão mais fortes do que nunca. Gaia está prestes a despertar. O Banquete da Esperança não fará jus ao nome a menos que vocês a detenham.
A câmara estremeceu. Outra estela caiu no chão e se quebrou.
— A Casa de Hades está instável — disse Hécate. — Vá agora. Nós nos encontraremos de novo.
A deusa desapareceu. A Névoa evaporou.
— Muito simpática — resmungou Percy.
Os outros olharam para ele e Annabeth como se tivessem acabado de perceber que estavam ali.
— Cara.
Jason deu um abraço de urso em Percy.
— De volta do Tártaro! — gritou Leo. — Esse é meu chapa!
Piper abraçou Annabeth e chorou.
Frank correu até Hazel e a abraçou com delicadeza.
— Você está ferida — disse ele.
— Provavelmente quebrei algumas costelas — admitiu — mas, Frank, o que aconteceu com seu braço?
Ele conseguiu sorrir.
— É uma longa história. Estamos vivos. Isso é o que importa.
Ela estava tão tonta de alívio que levou um instante para reparar em Nico sozinho em um canto, o rosto repleto de dor e dúvida.
— Ei — chamou Hazel, acenando com o braço bom.
Ele hesitou e, em seguida, aproximou-se e beijou-a na testa.
— Estou feliz que você esteja bem. Os fantasmas estavam certos. Apenas um de nós chegou às Portas da Morte. Você... você teria deixado nosso pai orgulhoso.
Ela sorriu e tocou no rosto dele com delicadeza.
— Nós não poderíamos ter derrotado Clítio sem você.
Hazel passou o polegar sob o olho de Nico e se perguntou se ele estivera chorando. Ela queria muito entender o que estava acontecendo com ele, descobrir pelo que Nico passara nas últimas semanas. Depois de tudo pelo que tinham acabado de passar, Hazel estava mais grata do que nunca por ter um irmão.
Antes que ela pudesse dizer isso, o teto estremeceu. Fissuras apareceram nos ladrilhos restantes. Colunas de poeira caíram sobre eles.
— Precisamos sair daqui — disse Jason — hã, Frank...
Frank balançou a cabeça.
— Acho que já gastei meu favor dos mortos por hoje.
— Espere, o quê? — perguntou Hazel.
Piper ergueu as sobrancelhas.
— Seu namorado inacreditável pediu um favor aos mortos como um filho de Marte. Ele convocou os espíritos de alguns guerreiros, fez com que nos guiassem até aqui através das... hum, bem, não tenho certeza. Das passagens da morte? Tudo que sei é que era muitomuito escuro.
À esquerda, uma seção da parede se abriu. Dos olhos de um esqueleto esculpido na pedra saltaram dois rubis, que rolaram pelo chão.
— Teremos que viajar nas sombras — disse Hazel.
Nico fez uma careta.
— Hazel, eu mal consigo me transportar sozinho. Com mais sete pessoas...
— Vou ajudá-lo.
Ela tentou soar confiante. Hazel nunca viajara nas sombras antes e não tinha ideia se podia, mas depois de trabalhar com a Névoa e alterar o Labirinto, ela tinha que acreditar que era possível.
Uma seção inteira de ladrilhos se desprendeu do teto.
— Pessoal, deem as mãos! — gritou Nico.
Eles formaram um círculo às pressas. Hazel visualizou os campos gregos acima deles. A caverna desabou, e ela se sentiu dissolvendo-se nas sombras.

* * *

Emergiram na encosta com vista para o Rio Aqueronte. O sol estava nascendo, a água cintilava e as nuvens brilhavam com uma tonalidade alaranjada. O ar fresco da manhã cheirava a madressilvas.
Hazel estava de mãos dadas com Frank e Nico. Estavam todos vivos e mais ou menos inteiros. A luz do sol nas árvores era a coisa mais linda que já vira. Ela queria viver aquele momento: livre de monstros, deuses e espíritos malignos.
Então, seus amigos começaram a despertar.
Nico percebeu que estava segurando a mão de Percy e rapidamente a soltou.
Leo cambaleou para trás.
— Sabem... Acho que preciso me sentar.
Ele caiu. Os outros se juntaram a ele. O Argo II ainda flutuava no rio a algumas centenas de metros dali. Hazel sabia que eles deviam sinalizar para o treinador Hedge e dizer que estavam vivos. Será que tinham passado a noite toda no templo? Ou várias noites? Mas, no momento, o grupo estava cansado demais para fazer qualquer coisa além de sentar, relaxar e se maravilhar com o fato de estarem bem.
Eles começaram a trocar histórias.
Frank explicou o que acontecera com a legião fantasma e o exército de monstros – como Nico usara o cetro de Diocleciano e quão bravamente Jason e Piper lutaram.
— Frank está sendo modesto — disse Jason — ele controlou toda a legião. Vocês precisavam ver. Ah, por falar nisso... — Jason olhou para Percy. — Eu renunciei ao meu cargo e promovi Frank a pretor. A menos que você queira contestar esta decisão.
Percy sorriu.
— Por mim, tudo bem.
Hazel olhou para Frank.
— Pretor?
Ele deu de ombros, desconfortável.
— Bem... é. Eu sei que parece estranho.
Ela tentou abraçá-lo, então fez uma careta quando se lembrou de suas costelas machucadas. Hazel se contentou em beijá-lo.
— Parece perfeito.
Leo deu um tapinha no ombro de Frank.
— Muito bem, Zhang. Agora você pode mandar Octavian se atirar contra a própria espada.
— Tentador — concordou Frank. Ele olhou para Percy, apreensivo — mas vocês... O Tártaro deve ser a grande história. O que aconteceu lá embaixo? Como vocês...?
Percy entrelaçou os dedos com os de Annabeth.
Hazel examinou Nico e viu dor em seus olhos. Ela não tinha certeza, mas talvez ele estivesse pensando na sorte que Percy e Annabeth tiveram por terem um ao outro. Nico atravessara o Tártaro sozinho.
— Nós contaremos a história — prometeu Percy — mas não agora, tudo bem? Não estou pronto para me lembrar daquele lugar.
— Nem eu — concordou Annabeth. Então olhou para o rio e balbuciou: — hã, acho que nossa carona está chegando.
Hazel se virou. O Argo II rumava em direção ao porto, os remos aéreos em movimento e as velas enfunadas. A cabeça de Festus brilhava sob o sol. Mesmo a distância, Hazel podia ouvi-lo rangendo e tinindo de júbilo.
— Esse é o meu garoto! — gritou Leo.
Enquanto o navio se aproximava, Hazel viu o treinador Hedge de pé na proa.
— Já não era sem tempo! — gritou ele. Exibia sua melhor carranca, mas seus olhos brilhavam como se talvez, apenas talvez, estivesse feliz em vê-los. — Por que demoraram tanto, docinhos? Vocês deixaram a visita esperando!
— Visita? — murmurou Hazel.
Na amurada junto ao treinador Hedge, surgiu uma menina de cabelos escuros usando um manto roxo, o rosto tão coberto de fuligem e arranhões ensanguentados que Hazel quase não a reconheceu.
Reyna havia chegado.

Capítulo LXXVII - Percy

PERCY ENCARAVA FIXAMENTE A ATENA PARTENOSesperando que ela o atacasse a qualquer momento.
O novo sistema de içamento mecânico de Leo tinha baixado a estátua pela encosta com facilidade surpreendente. Agora, a deusa de mais de dez metros olhava serenamente para o Rio Aqueronte. À luz do sol, seu vestido parecia feito de ouro líquido.
— Incrível — reconheceu Reyna.
Ela ainda estava com os olhos vermelhos de choro. Logo depois de aterrissar no Argo II, seu pégaso Scipio desabou, sucumbindo ao veneno das garras de um grifo que os atacara na noite anterior. Reyna sacrificou o cavalo para acabar com seu sofrimento. Com sua faca de ouro, transformou o pégaso em uma poeira que se espalhou pelo ar perfumado da Grécia. Talvez não fosse um final tão ruim para um pégaso, mas Reyna tinha perdido um amigo leal. Percy imaginou que ela já havia aberto mão de muita coisa em sua vida.
Desconfiada, a pretora andou em torno da Atena Partenos.
— Parece nova.
— É — disse Leo — nós tiramos as teias de aranha e usamos um bom produto de limpeza. Não foi difícil.
Argo II pairava logo acima. Com Festus de vigia, atento a ameaças no radar, toda a tripulação tinha resolvido almoçar na colina enquanto planejavam o que fariam a seguir. Depois das últimas semanas, Percy achava que mereciam uma bela refeição juntos. Na verdade, qualquer coisa que não fosse fogo líquido ou sopa de drakon.
— Ei, Reyna — chamou Annabeth — tem comida aqui. Venha sentar com a gente.
A pretora os olhou com a testa franzida, como se não conseguisse processar direito a frase Venha sentar com a gente. Percy nunca tinha visto Reyna sem sua armadura antes. Ela tinha ficado a bordo do navio, sendo reparada por Buford, a Mesa Maravilha. Reyna vestia jeans e uma camiseta roxa do Acampamento Júpiter, e parecia quase uma adolescente normal, a não ser pela faca no cinto e a expressão cautelosa, como se estivesse esperando um ataque vindo de qualquer direção.
— Está bem — disse por fim.
Eles chegaram um pouco para o lado e abriram espaço para ela na roda. Reyna sentou de pernas cruzadas ao lado de Annabeth, pegou um sanduíche de queijo e começou a comê-lo devagar.
— E então... — disse Reyna — Frank Zhang... pretor.
Frank se mexeu, desconfortável, e limpou farelos do queixo.
— Pois é. Fui promovido durante a batalha.
— Para comandar outra legião — observou Reyna — uma legião de fantasmas.
Hazel deu o braço a Frank em um gesto protetor. Depois de uma hora na enfermaria do barco, os dois pareciam muito melhor; mas Percy conseguia perceber que não sabiam lidar muito bem com a antiga chefe do Acampamento Júpiter aparecendo para o almoço.
— Reyna — disse Jason — você tinha que ver o Frank na batalha.
— Ele foi incrível — concordou Piper.
— Frank é um líder — insistiu Hazel — ele é um grande pretor.
Reyna continuou observando Frank, como se estivesse tentando adivinhar seu peso.
— Acredito em vocês — disse por fim. — Eu aprovo.
— É mesmo? — perguntou Frank, surpreso.
Reyna deu um sorriso seco.
— Um filho de Marte, o herói que ajudou a recuperar a águia da legião... Posso trabalhar com um semideus assim. Só não descobri ainda como convencer a Décima Segunda Fulminata.
Frank pareceu preocupado.
— É, eu tenho me perguntado a mesma coisa.
Percy ainda não acreditava em como Frank estava diferente. Um “crescimento rápido” era muito pouco para descrever a mudança. Estava pelo menos dez centímetros mais alto, mais magro, e forte como um jogador de futebol americano. O rosto parecia mais forte, e o queixo, mais marcante. Era como se Frank tivesse se transformado em touro e, ao voltar à forma humana, tivesse mantido algumas características do animal.
— A legião vai escutá-la, Reyna — disse o novo pretor — você atravessou as terras antigas sozinha e chegou até aqui.
Reyna mastigava o sanduíche como se fosse um pedaço de papelão.
— Ao fazer isso, quebrei as leis da legião.
— César não seguiu as leis quando atravessou o Rubicão — argumentou Frank — grandes líderes às vezes precisam ir além do que se espera.
Ela balançou a cabeça.
— Não sou César. Depois de encontrar o bilhete de Jason no palácio de Diocleciano, seguir seu rastro foi fácil. Só fiz o que achei necessário.
Percy não conseguiu evitar um sorriso.
— Reyna, você é modesta demais. Voar sozinha metade do mundo para atender à súplica de Annabeth porque você sabia que era a melhor chance de garantir a paz? Isso é heroico pra caramba.
Reyna deu de ombros.
— Falou o semideus que caiu no Tártaro e conseguiu voltar.
— Ele teve ajuda — lembrou Annabeth.
— Ah, obviamente — Reyna concordou — sem você, duvido que Percy conseguisse sair de um saco de papel.
— É verdade — Annabeth confirmou.
— Ei! — reclamou Percy.
Os outros começaram a rir, mas Percy não se importou. Era bom vê-los sorrir. Droga, só estar no mundo mortal já era bom, respirar ar sem veneno, sentir a luz do sol nas costas...
De repente, ele pensou em Bob. Diga oi para o sol e as estrelas por mim.
O sorriso de Percy sumiu. Bob e Damásen tinham sacrificado suas vidas para que ele e Annabeth pudessem estar ali sentados naquele instante, aproveitando a luz do sol e rindo com os amigos.
Não era justo.
Leo pegou uma pequena chave de fenda de seu cinto de ferramentas. Ele espetou um morango coberto de chocolate e o entregou ao treinador Hedge. Em seguida, pegou outra chave de fenda e espetou um segundo morango para si mesmo.
— Bom, vamos então à pergunta que vale vinte milhões de pesos — disse Leo — nós temos essa estátua seminova de mais de dez metros de Atena. O que vamos fazer com ela?
Reyna mirou Atena Partenos com certa desconfiança.
— Por mais bela que fique nesta colina, não viajei até aqui para ficar admirando sua beleza. Segundo Annabeth, a estátua deve ser devolvida ao Acampamento Meio-Sangue por um líder romano. Eu entendi direito?
Annabeth assentiu.
— Eu tive um sonho lá embaixo... você sabe, no Tártaro. Eu estava na colina Meio-Sangue, e a voz de Atena disse: Devo ficar aqui. Os romanos devem me trazer.
Percy observava a Atena Partenos, sentindo-se desconfortável. Nunca teve uma boa relação com a mãe de Annabeth. Esperava que, a qualquer momento, aquela Estátua Gigante da Mamãe fosse ganhar vida e lhe dar um sermão por meter sua filha em tantos problemas, ou talvez apenas pisasse nele sem dizer nada.
— Faz sentido — disse Nico.
Percy se sobressaltou. Parecia que Nico havia lido sua mente e concordava que Atena deveria pisar nele.
O filho de Hades estava sentado do outro lado da roda, comendo apenas uma romã, a fruta do Mundo Inferior. Percy se perguntou se para Nico aquilo era uma piada.
— A estátua é um símbolo poderoso — continuou o garoto mais novo — Se um romano a devolvesse aos gregos... isso poderia acabar com a desavença histórica, talvez até mesmo curar as personalidades divididas dos deuses.
O treinador Hedge engoliu o morango junto com metade da chave de fenda.
— Agora esperem aí. Gosto da paz tanto quanto qualquer sátiro...
— Você odeia a paz — interrompeu Leo.
— Valdez, a questão é... Estamos a apenas... o quê? Alguns dias de Atenas? Temos um exército de gigantes lá à nossa espera. Enfrentamos vários obstáculos para salvar esta estátua.
— Eu encarei a maioria dos obstáculos — lembrou Annabeth.
— ... porque a profecia a chamava de a ruína dos gigantes — prosseguiu o treinador — então, por que não a levamos para Atenas com a gente? Obviamente, é nossa arma secreta — ele olhou para Atena Partenos — para mim, parece um míssil balístico. Talvez se Valdez prendesse algumas engenhocas a ela...
Piper pigarreou.
— Hã, é uma excelente ideia, treinador, mas muitos de nós tivemos sonhos e visões de Gaia despertando no Acampamento Meio-Sangue...
Ela desembainhou a adaga Katoptris e a pôs em seu prato. Naquele momento, a lâmina apenas refletia o céu, mas olhar para ela deixava Percy desconfortável.
— Desde que voltamos ao navio — disse Piper — tenho visto coisas muito ruins na adaga. A legião romana está quase perto o bastante para atacar o Acampamento Meio-Sangue. Eles estão reunindo reforços: espíritos, águias, lobos.
— Octavian — resmungou Reyna — eu disse que era para ele esperar.
— Quando assumirmos o comando — sugeriu Frank — uma de nossas prioridades vai ser botar Octavian na primeira catapulta que a gente encontrar e mandá-lo para o mais longe possível.
— Concordo — Reyna falou — mas por enquanto...
— Ele quer a guerra — interveio Annabeth — e vai conseguir, a menos que a gente impeça isso.
Piper virou a lâmina de sua adaga.
— Infelizmente, essa não é a pior parte. Vi imagens de um futuro possível... o acampamento em chamas, semideuses gregos e romanos mortos. E Gaia...
Não conseguiu terminar a frase.
Percy se lembrou do deus Tártaro em sua forma física, surgindo enorme à sua frente. Nunca sentira tamanho terror e desespero. Ainda morria de vergonha ao se lembrar de como deixara a espada cair de sua mão.
É a mesma coisa que tentar matar a terra, dissera Tártaro.
Se Gaia fosse tão poderosa assim e tivesse um exército de gigantes ao seu lado, Percy não sabia como sete semideuses poderiam vencê-la, especialmente com a maioria dos deuses incapacitada. Eles precisavam derrotar os gigantes antes que Gaia despertasse, ou seria o fim da linha.
Se Atena Partenos fosse mesmo uma arma secreta, levá-la para Atenas era uma ideia bem tentadora. Droga, Percy até que gostava da ideia do treinador de usá-la como míssil e explodir Gaia em um cogumelo atômico.
Infelizmente, seus instintos diziam que Annabeth estava certa. O lugar da estátua era em Long Island, onde poderia impedir a guerra entre os dois acampamentos.
— Então, Reyna leva a estátua — disse Percy. — E nós seguimos para Atenas.
Leo deu de ombros.
— Por mim, tudo bem. Mas há, hã... alguns pequenos problemas logísticos. Temos o quê? Duas semanas até o dia do banquete em Roma quando Gaia pretende despertar?
— O Banquete de Spes — disse Jason — é em primeiro de agosto. Hoje é...
— Dezoito de julho — interveio Frank. — Então são, a partir de amanhã, catorze dias exatos.
Hazel fez uma careta.
— A gente demorou dezoito dias para vir de Roma até aqui, uma viagem que deveria ter levado no máximo dois ou três dias.
— Então, considerando nossa falta de sorte habitual — Leo opinou — talvez tenhamos tempo suficiente de chegar a Atenas, encontrar os gigantes e impedir que eles despertem Gaia. Talvez. Mas como Reyna vai conseguir levar essa estátua enorme de volta para o Acampamento Meio-Sangue antes que os gregos e romanos se matem? Ela nem tem mais seu pégaso. Hã, desculpe...
— Tudo bem — respondeu Reyna, um pouco ríspida.
Ela até os estava tratando como aliados em vez de inimigos, mas Percy percebia que a pretora não gostava muito de Leo, provavelmente porque ele tinha explodido metade do Fórum em Nova Roma.
Reyna respirou fundo.
— Infelizmente, Leo tem razão. Não sei como transportar algo tão grande. Eu achava... bem, esperava que todos vocês tivessem um plano.
— O Labirinto — sugeriu Hazel — eu... eu quero dizer, se Parsifae o reabriu mesmo, e eu acho que sim... — Ela olhou com apreensão para Percy. — Bem, vocês disseram que o Labirinto podia levá-los a qualquer lugar. Por isso, talvez...
— Não — disseram Percy e Annabeth em uníssono.
— Não é nada pessoal, Hazel — disse Percy. — É só que...
Era difícil achar as palavras certas. Como poderia descrever o Labirinto para alguém que nunca o tivesse explorado? Dédalo o havia criado para ser um lugar vivo, sempre em crescimento. Ao longo dos séculos, ele tinha se espalhado como as raízes de uma árvore sob toda a superfície da terra. Claro, ele podia levá-lo a qualquer lugar. As distâncias não importavam lá dentro. Você podia entrar no labirinto em Nova York, andar três metros e sair em Los Angeles, mas só se descobrisse um modo confiável de se orientar por seus corredores. Do contrário, ele ia enganá-lo e tentar matá-lo a cada curva.
Quando a rede de túneis desmoronou após a morte de Dédalo, Percy ficou aliviado. A ideia de o labirinto se regenerar sozinho, abrir caminho sob a terra outra vez e criar um lar novo e espaçoso para monstros não o agradava nem um pouco. Ele já tinha muitos problemas.
— Em primeiro lugar, as passagens no Labirinto são pequenas demais para Atena Partenos. Não tem como levá-la lá para baixo...
— E mesmo que o labirinto esteja reabrindo — prosseguiu Annabeth — não sabemos como ele pode estar agora. Já era bem perigoso antes, sob o controle de Dédalo, e ele não era maligno. Se Pasifae refez o labirinto como ela queria... — Ela sacudiu a cabeça. — Hazel, talvez seu senso de orientação no subterrâneo possa guiar Reyna, mas nenhuma outra pessoa teria a menor chance. E precisamos de você aqui. Além disso, se você se perdesse lá embaixo...
— Tem razão — disse Hazel, chateada — deixa pra lá.
Reyna passou os olhos por todo o grupo.
— Mais ideias?
— Eu podia ir — ofereceu-se Frank, sem parecer muito animado com a sugestão — se sou um pretor, eu devo ir. Talvez consigamos montar uma espécie de trenó, ou...
— Não, Frank Zhang — Reyna deu um sorriso desanimado para ele — espero que trabalhemos lado a lado no futuro, mas agora seu lugar é com a tripulação deste navio. Você é um dos sete da profecia.
— Eu não sou — disse Nico.
Todos pararam de comer. Percy olhou fixamente para Nico do outro lado da roda, tentando descobrir se ele estava brincando.
Hazel pousou o garfo.
— Nico...
— Eu vou com Reyna. Posso viajar pelas sombras levando a estátua.
— Hã... — Percy levantou a mão. — Quer dizer, sei que você trouxe todos nós oito para a superfície, e isso foi incrível. Mas há um ano você disse que transportar apenas você era perigoso e imprevisível. Algumas vezes você foi parar na China. Transportar uma estátua de mais de dez metros e duas pessoas para o outro lado do mundo...
— Mudei muito desde que voltei do Tártaro.
Os olhos de Nico brilharam de raiva, com mais intensidade do que Percy compreendeu. Ele se perguntou se havia feito algo para ofender o cara.
— Nico — interveio Jason — não estamos questionando seu poder. Só queremos ter certeza de que você não vai se matar tentando fazer isso.
— Eu consigo — insistiu ele — vou fazer pequenas viagens. Apenas alguns quilômetros de cada vez. É verdade que não vou estar em condições de enfrentar monstros. Por isso vou precisar de Reyna para defender a mim e à estátua.
Reyna tinha uma expressão indecifrável. Ela estudou o grupo, examinou seus rostos, mas era impossível saber o que estava pensando.
— Alguma objeção?
Ninguém falou nada.
— Ótimo — concordou ela, com a firmeza de um juiz. Percy achava que, se ela tivesse um martelo, teria dado uma martelada para selar a decisão. — Não vejo alternativa melhor. Mas haverá muitos ataques de monstros. Eu ia me sentir melhor se levasse uma terceira pessoa. É o número ideal para uma missão.
— O treinador Hedge — disse Frank na hora.
Percy olhou para ele, sem saber se tinha ouvido direito.
— Hã, o quê, Frank?
— O treinador é a melhor opção — Frank repetiu — a única opção. Ele é um bom lutador. Um protetor experiente. Vai dar conta.
— Um fauno — disse Reyna.
— Sátiro! — corrigiu o treinador, irritado. — E, é, eu vou, sim. Além disso, quando chegarem ao Acampamento Meio-Sangue, vão precisar de alguém com contatos e diplomacia para evitar que os gregos ataquem vocês. Deixem-me só mandar uma... quer dizer, pegar meu taco de beisebol.
Ele se levantou e encarou Frank, dizendo sem palavras algo que Percy não conseguiu entender direito. Apesar de ter acabado de se apresentar como voluntário para uma missão potencialmente suicida, o treinador parecia agradecido. Ele foi correndo até a escada do navio, batendo os cascos no ar como uma criança empolgada.
Nico ficou de pé.
— Preciso ir, também, e descansar antes da primeira viagem. Vamos nos encontrar perto da estátua ao pôr do sol.
Depois que ele foi embora, Hazel franziu a testa, preocupada.
— Ele está agindo de modo estranho. Não sei se pensou direito no assunto.
— Ele vai ficar bem — disse Jason.
— Espero que tenha razão — ela passou a mão por cima do chão. Diamantes irromperam na superfície, uma Via Láctea de pedras cintilantes — estamos em uma nova encruzilhada. A Atena Partenos vai para o oeste. O Argo II, para o leste. Tomara que tenhamos tomado a decisão certa.
Percy quis dizer algo animador, mas não se sentia à vontade. Apesar de tudo pelo que haviam passado e de todas as batalhas vencidas, eles ainda não pareciam perto de derrotar Gaia. Claro, tinham libertado Tânato e fechado as Portas da Morte. Pelo menos agora podiam matar monstros e eles ficariam no Tártaro. Mas os gigantes estavam de volta. Todos eles.
— Só tem uma coisa que me incomoda — disse ele — se o Festival de Spes é daqui a duas semanas, e Gaia precisa do sangue de dois semideuses para despertar... Como foi que Clítio chamou? O sangue do Olimpo? Será que não estamos fazendo justamente o que Gaia quer, indo para Atenas? Se não formos, e ela não puder sacrificar nenhum de nós, não seria impossível para ela despertar por completo?
Annabeth segurou a mão dele. Percy ficou embevecido ao olhar para ela agora que estavam de volta ao mundo mortal, sem a Névoa da Morte, com o sol banhando seus cabelos louros, ainda que ela estivesse magra e abatida como ele, e seus olhos cinzentos parecessem atormentados por pensamentos ruins.
— Percy, as profecias são uma faca de dois gumes. Se não formos, podemos perder nossa chance de detê-la. Nossa batalha está em Atenas. Não temos como evitá-la. Além disso, tentar impedir profecias nunca funciona. Gaia pode nos capturar em algum outro lugar, ou derramar o sangue de outros semideuses.
— É, você está certa. Eu não gosto disso, mas você tem razão.
O estado de espírito do grupo ficou sombrio como o ar do Tártaro, até que Piper quebrou a tensão.
— Bem! — Ela guardou sua lâmina na bainha e deu um tapinha na cornucópia. — Foi um ótimo piquenique. Quem quer sobremesa?

Capítulo LXXVIII - Percy

AO ENTARDECER, PERCY ENCONTROU NICO.
O filho de Hades estava amarrando cordas em torno do pedestal da Atena Partenos.
— Obrigado — agradeceu Percy.
Nico franziu a testa.
— Por quê?
— Você prometeu levar os outros até a Casa de Hades — disse o filho de Poseidon — e cumpriu.
Nico amarrou as pontas das cordas juntas, fazendo uma espécie de alça.
— Você me tirou daquele jarro de bronze em Roma. E salvou minha vida novamente. Era o mínimo que eu podia fazer.
A voz dele soou firme e contida. Percy desejava saber o que fazia aquele cara demonstrar emoção, mas nunca conseguiu descobrir. Nico não era mais um garotinho nerd da Westover Hall com cartas de Mitomagia. Nem era o solitário ressentido que perseguiu o fantasma de Minos pelo Labirinto. Mas quem era ele?
— Além disso, você visitou Bob... — disse Percy.
Contou a Nico sobre a viagem pelo Tártaro. Achou que se havia alguém que pudesse entendê-lo, este era Nico.
— Convenceu Bob de que podia confiar em mim, apesar de eu nunca ter ido visitá-lo. Nunca mais pensei nele. Você provavelmente salvou nossas vidas por ter sido legal com ele.
— É, bem... — disse Nico. — Não pensar nas pessoas... isso pode ser perigoso.
— Cara, eu estou tentando agradecer.
Nico riu sem humor.
— Estou tentando dizer que não precisa. Agora tenho que terminar isto, se puder me dar um pouco de espaço.
— Claro, claro, tudo bem.
Percy deu um passo para trás enquanto Nico ajustava as alças de cordas. Jogou-as no ombro como se a Atena Partenos fosse uma mochila gigante.
Percy não conseguiu evitar ficar um pouco chateado ao ser dispensado daquele jeito. Mas afinal, Nico tinha passado por tanto. O cara tinha sobrevivido sozinho no Tártaro. Percy sabia por experiência própria quanta força foi exigida dele.
Annabeth subiu a colina para se juntar a eles. Pegou a mão de Percy, o que o fez se sentir melhor.
— Boa sorte — disse ela a Nico.
— É — ele não a olhou nos olhos — para você também.
Um minuto depois, Reyna e o treinador Hedge chegaram com armaduras completas e mochilas nos ombros. Reyna parecia muito séria e pronta para o combate. O treinador Hedge sorria como se estivesse esperando uma festa surpresa.
Reyna deu um abraço em Annabeth.
— Nós vamos conseguir — prometeu.
— Eu sei que vão — respondeu Annabeth.
O treinador Hedge apoiou seu taco de beisebol no ombro.
— É, não se preocupe. Vou chegar ao acampamento para ver minha garota! Hã, quero dizer que vou levar esta garota para o acampamento! — Ele deu um tapinha na perna de Atena Partenos.
— Ok — disse Nico — segurem as cordas, por favor. É hora de ir.
Reyna e Hedge seguraram. O ar escureceu. A Atena Partenos desmoronou para o interior de sua própria sombra e desapareceu, junto com três acompanhantes.

* * *

Argo II zarpou após o anoitecer.
Tomou o rumo sudoeste até alcançar a costa, então desceu e seguiu pelas águas do Mar Jônico. Percy estava aliviado por sentir as ondas embaixo dele novamente. A viagem até Atenas seria mais curta por terra, mas depois da experiência da tripulação com espíritos da montanha na Itália, acharam melhor não voar sobre o território de Gaia mais do que o necessário. Fariam a volta na Grécia pelo mar, seguindo as rotas usadas pelos heróis gregos da Antiguidade.
Percy adorou isso. Amava estar de volta aos domínios de seu pai, com o ar marítimo nos pulmões e borrifos salgados nos braços. Ele se debruçou na amurada de boreste e fechou os olhos, sentindo as correntes abaixo. Mas imagens do Tártaro não paravam de surgir em sua mente: o Rio Flegetonte, o chão repleto de bolhas onde os monstros se regeneravam, a floresta sombria onde as arai voavam em círculos no alto, em meio às nuvens da névoa de sangue. Mas, principalmente, pensava em uma cabana em um pântano com um fogo quente, ganchos e prateleiras com ervas e carne de drakon secando. Ele se perguntou se a cabana agora estaria vazia.
Annabeth encostou nele com seu calor reconfortante.
— Eu sei — murmurou ela, lendo sua expressão — também não consigo tirar aquele lugar da cabeça.
— Damásen. E Bob...
— Eu sei — a voz dela estava fragilizada — temos que fazer com que o sacrifício deles não tenha sido em vão. Temos que derrotar Gaia.
Percy olhou para o céu noturno. Desejou que estivessem olhando o céu da praia em Long Island em vez de a meio mundo de distância, navegando rumo à morte quase certa.
Ele se perguntou onde estariam Nico, Reyna e Hedge naquele momento, e quanto tempo levariam para voltar, supondo que sobrevivessem. Imaginou os romanos em formação de batalha cercando o Acampamento Meio-Sangue.
Faltavam catorze dias para chegarem a Atenas. Depois, de um jeito ou de outro, a guerra seria decidida.
Na proa, Leo assobiava satisfeito enquanto mexia no cérebro mecânico de Festus, murmurando algo sobre um cristal e um astrolábio. No centro do barco, Piper e Hazel treinavam esgrima com suas lâminas de bronze e ouro. Jason e Frank estavam no leme, falando baixo, talvez contando histórias da legião ou compartilhando reflexões sobre ser pretor.
— Nossa tripulação é muito boa — disse Percy — se tenho que navegar rumo à morte...
— Você não vai morrer antes de mim, Cabeça de Alga — disse Annabeth — lembra? Nunca ficaremos separados de novo. E depois que chegarmos em casa...
— O quê? — perguntou Percy.
Ela o beijou.
— Pergunte de novo quando derrotarmos Gaia.
Ele sorriu, feliz por ter algo a almejar no futuro.
— Como quiser.
Quando se afastaram da costa, o céu escureceu, e mais estrelas surgiram.
Percy estudou as constelações, as mesmas que Annabeth tinha ensinado a ele tantos anos antes.
— Bob mandou um “oi” — disse para as estrelas.
Argo II navegou noite adentro.

Glossário

Acampamento Júpiter: campo de treinamento para semideuses romanos, localizado entre as Oakland Hills e as Berkeley Hills, na Califórnia
Acampamento Meio-Sangue: campo de treinamento para semideuses gregos, localizado em Long Island, Nova York
Aegis: o escudo que provoca medo de Thalia Grace
Afrodite: a deusa grega do amor e da beleza. Era casada com Hefesto, mas amava Ares, o deus da guerra. Forma romana: Vênus
Akhlys: deusa grega da miséria; deusa dos venenos, controla a Névoa da Morte, filha do Caos e da Noite
Alcioneu: o mais velho dos gigantes nascidos de Gaia, destinado a combater Plutão
Aloadas: gêmeos gigantes que tentaram atacar o Monte Olimpo empilhando três montanhas gregas uma em cima da outra. Ares tentou detê-los, mas foi derrotado e aprisionado em um jarro de bronze até ser resgatado por Hermes. Ártemis mais tarde destruiu os gigantes quando correu entre eles transformada em veado. Os dois tentaram acertá-la com suas lanças, mas erraram e acabaram atingindo um ao outro
Alojamento: aposentos dos soldados romanos
Aníbal: comandante romano que viveu entre 247 e 183/182 AEC. É considerado um dos maiores estrategistas militares da História. Uma de suas maiores conquistas foi conduzir um exército, que incluía elefantes, da Ibéria, através dos Pirineus e dos Alpes, até o Norte da Itália
Aqueloo: um potamus, ou deus-rio
Áquilo: deus romano do Vento Norte. Forma grega: Bóreas
Aracne: tecelã que alegava ter habilidades superiores às de Atena. Isso enfureceu a deusa, que destruiu as tapeçarias e o tear de Aracne. A tecelã se enforcou, e Atena a trouxe de volta à vida como aranha
Arai: espíritos femininos das maldições. Velhas enrugadas com asas de morcego e olhos vermelhos reluzentes. São filhas de Nix (Noite)
Ares: o deus grego da guerra; filho de Zeus e Hera e meio-irmão de Atena. Forma romana: Marte
Argentumprata; nome de um dos dois cães de metal de Reyna que podem detectar mentiras
Argo IIo fantástico navio construído por Leo, que pode tanto navegar quanto voar e tem a cabeça do dragão de bronze Festus como sua figura de proa. O navio foi batizado em homenagem a Argo, a embarcação usada pelo grupo de heróis gregos que acompanhou Jasão em sua busca pelo Velocino de Ouro
Argonautasheróis da mitologia grega que viajaram com Jasão no Argo na busca pelo Velocino de Ouro
Ariadnefilha de Minos que ajudou Teseu a sair do Labirinto
Ariongaranhão incrivelmente rápido que corre solto e sem rumo, mas às vezes atende aos chamados de Hazel. Seu petisco favorito são pepitas de ouro
Arquimedesmatemático, físico, engenheiro, inventor e astrônomo grego que viveu entre 287 e 212 AEC e é considerado um dos principais cientistas da Antiguidade Clássica. Foi quem descobriu como calcular o volume de uma esfera
Astrolábioinstrumento de navegação com base na posição dos planetas e estrelas
Atenaa deusa grega da sabedoria. Forma romana: Minerva
Atena Partenosuma estátua gigantesca de Atena; a estátua grega mais famosa de todos os tempos
Augúriosinal de algum porvir, presságio; prática de adivinhar o futuro
Aurumouro; nome de um dos dois cães metálicos de Reyna que podem detectar mentiras
Austrodeus romano do Vento Sul. Forma grega: Noto
Bacoo deus romano do vinho e da orgia. Forma grega: Dioniso
Balista escorpiãoarma de cerco romana que arremessava grandes projéteis em um alvo distante
Belonadeusa romana da guerra
BoréadasCalais e Zetes, filhos de Bóreas, deus do Vento Norte
Braccaecalças em latim
Bronze celestialmetal raro letal para monstros
Bunker 9oficina escondida descoberta por Leo no Acampamento Meio-Sangue, cheia de ferramentas e armas. Tem pelo menos duzentos anos e foi usada durante a Guerra Civil dos Semideuses
Cadmosemideus que foi transformado em cobra por Ares ao matar o filho dragão do deus da guerra
Calipsodeusa ninfa da ilha mítica Ogígia; filha do titã Atlas. Ela deteve o herói Odisseu por muitos anos
Campemonstro que na parte de cima é uma mulher com cabelos de serpentes e, embaixo, tem o corpo de drakon; indicada pelo titã Cronos para vigiar os ciclopes no Tártaro. Zeus a matou e libertou os gigantes de sua prisão para que eles o ajudassem na guerra contra os titãs
Campos de Asfódelosparte do Mundo Inferior para onde pessoas que não fizeram nem o bem nem o mal são enviadas após a morte
Campos de Puniçãoparte do Mundo Inferior para onde pessoas que foram más são enviadas para expiarem seus crimes após a morte
Casa de Hadeslocal no Mundo Inferior onde Hades, deus grego da morte, e Perséfone reinam sobre as almas dos mortos. Templo subterrâneo em Épiro, na Grécia, dedicado a Hades e Perséfone, às vezes chamado de Necromanteion, ou “oráculo da morte”. Os gregos antigos acreditavam que ele marcava uma entrada para o Mundo Inferior, e peregrinos iam até lá para comungar com os mortos
Casa dos Lobosmansão em ruínas, originalmente encomendada por Jack London, perto de Sonoma, na Califórnia, onde Percy Jackson foi treinado como semideus romano por Lupa
Catapultamáquina de guerra usada para arremessar objetos
Catóblepavaca monstruosa cujo nome significa “aquele que olha para baixo”. Foram acidentalmente trazidas da África para Veneza. Comem raízes venenosas que crescem nos canais e têm hálito e olhar venenosos
Cavalo de Troiapassagem da Guerra de Troia; um enorme cavalo de madeira feito pelos gregos e deixado perto de Troia com um grupo selecionado de homens escondido em seu interior. Após ser puxado pelos troianos para dentro de sua cidade como um troféu de vitória, os gregos saíram de lá à noite, permitiram a entrada do restante de seu exército e destruíram a cidade, terminando definitivamente com a guerra
Centauroraça de criaturas metade homem, metade cavalo
Centuriãooficial do exército romano
Cêrcopesanões com aparência de chimpanzé que roubam coisas brilhantes e criam o caos
Ceresdeusa romana da agricultura. Forma grega: Deméter
Cetodeusa grega dos monstros e das criaturas marinhas de grande porte, tais como baleias e tubarões; filha de Gaia e irmã-esposa de Fórcis, deus dos perigos do mar
Charme (na fala) bênção concedida por Afrodite a seus filhos, que os capacita a persuadir outras pessoas com a voz
Chitontraje grego. Túnica sem mangas de linho ou lã presa nos ombros por broches e na cintura por um cinto
Ciclopemembro de uma raça primordial de gigantes que tem um único olho no meio da testa
Circefeiticeira grega. Nos tempos antigos, transformou a tripulação de Odisseu em porcos
Círonladrão infame que emboscava viajantes e os forçava a lavar seus pés como pedágio. Quando se abaixavam, chutava as vítimas do penhasco, fazendo-as cair no mar onde eram devoradas por uma tartaruga gigante
Clítiogigante criado por Gaia para absorver a magia de Hécate e derrotá-la
Coioum dos doze titãs; Senhor do Norte
Coliseuanfiteatro elíptico no centro de Roma, Itália. Com capacidade para cinquenta mil espectadores sentados, o Coliseu era usado para competições entre gladiadores e para espetáculos públicos, como simulações de batalhas navais, caçadas, execuções, e a reencenação de batalhas e dramas famosos
Contracorrenteespada de Percy Jackson (Anaklusmos, em grego)
Coortegrupo de soldados; uma das dez divisões de uma Legião Romana
Cornucópiaum grande recipiente em formato de chifre de onde transbordam comestíveis ou algum tipo de riqueza. A cornucópia foi criada quando Héracles (Hércules, para os romanos) lutou com o deus-rio Aqueloo e arrancou um de seus chifres
Crisaorirmão de Pégaso, filho de Poseidon e Medusa; conhecido como “o Espada de Ouro”
Cronosdeus grego da agricultura e das colheitas, da justiça e do tempo; filho de Urano e Gaia e pai de Zeus. Forma romana: Saturno
Cupidodeus romano do amor. Forma grega: Eros
Damásengigante filho de Tártaro e Gaia. Criado para se opor a Ares; condenado ao Tártaro por matar um drakon que estava destruindo as terras perto da casa de Damásen
Dédalona mitologia grega, um hábil artesão que criou o Labirinto em Creta, no qual o Minotauro (parte homem, parte touro) era mantido
Demétera deusa grega da agricultura; filha dos titãs Reia e Cronos. Forma romana: Ceres
Denárioa moeda mais comum no sistema monetário romano
Dioclecianoúltimo grande imperador pagão e primeiro a se aposentar pacificamente; semideus (filho de Júpiter). Segundo a lenda, seu cetro podia convocar um exército de mortos
Diomedesum dos principais heróis gregos na Guerra de Troia
Dionisodeus grego do vinho e da orgia; filho de Zeus. Forma romana: Baco
Dracmamoeda de prata da Grécia Antiga
Drakonserpente gigantesca verde e amarela com garras afiadas e uma juba de pele. Cospe veneno
Dríadestrês ninfas
Efialtes e Otogigantes gêmeos; filhos de Gaia
eidolonespírito possessor
Elísio (Campos Elísios)parte do Mundo Inferior para onde os abençoados pelos deuses são enviados ao morrer para passar a eternidade
Empousa (pl.: empousai)vampira com presas, garras, uma perna de bronze e a outra de burro, cabelo de fogo e pele branca como ossos. Tem o poder de manipular a Névoa, mudar de forma e usar o charme para atrair suas vítimas para a morte
Éolodeus de todos os ventos
Épiroregião onde atualmente estão o noroeste da Grécia e o sul da Albânia
Érisdeusa da discórdia
Erosdeus grego do amor. Forma romana: Cupido
Escolopendramonstro marinho grego gigantesco com narinas peludas, cauda semelhante à da lagosta e fileiras de patas palmípedes ao longo dos flancos
Espataespada pesada usada pela cavalaria romana
Euristeuneto de Perseu, que, por meio dos favores de Hera, herdou o reinado de Micenas, o qual Zeus pretendia para Héracles
Falangeformação compacta de tropas fortemente armadas
Faunodeus romano da floresta, parte bode e parte homem. Forma grega: sátiro
Favôniodeus romano do Vento Oeste. Forma grega: Zéfiro
Ferro estígiometal mágico forjado no Rio Estige, capaz de absorver a essência dos monstros e de ferir mortais, deuses, titãs e gigantes. Tem grande efeito sobre fantasmas e criaturas do Mundo Inferior
Fogo gregoarma incendiária usada em batalhas navais, porque continua a queimar mesmo na água
Fontana di Trevifonte no bairro romano de Trevi, em Roma. Com vinte e cinco metros de altura e vinte de largura, é a maior fonte barroca da cidade e uma das mais famosas do mundo
Fórcisna mitologia grega, deus primordial dos perigos do mar; filho de Gaia e irmão-marido de Ceto
Fortunadeusa romana da fortuna e da sorte. Forma grega: Tique
fórumo fórum romano era o centro da Roma Antiga, uma praça onde os romanos faziam negócios, julgamentos e atividades religiosas
Fúriasdeusas romanas da vingança. Normalmente caracterizadas como três irmãs: Alectó, Tisifone e Megera. Filhas de Gaia e Urano. Vivem no Mundo Inferior atormentando os mortos julgados culpados. Forma grega: Erínias
Gaiadeusa grega da terra; mãe dos titãs, gigantes, ciclopes e outros monstros. Forma romana: Terra
Gerasdeus da velhice
Geríonmonstro com três corpos que foi morto por Herácles/Hércules
Gládioespada curta
Gladiusgládio, uma espada curta
Górgonastrês irmãs monstruosas (Esteno, Euríale e Medusa), cujos cabelos eram serpentes venenosas. A mais famosa delas, Medusa, podia transformar em pedra aqueles que a encaravam
Graecustermo usado pelos romanos referindo-se aos gregos
Grevaspeças da armadura para a canela
Grifocriatura que tem a parte dianteira (incluindo as garras) e as asas de águia e a traseira de leão
Gris grisprática de vodu comum em Nova Orleans; o nome significa cinza em francês (gris). Nela, ervas especiais e outros ingredientes são misturados e colocados em uma bolsinha de flanela, que é usada ou guardada para restabelecer o equilíbrio entre os aspectos bons e maus da vida de uma pessoa
Guerra de Troiana mitologia grega, guerra declarada contra a cidade de Troia pelos Achaeans (gregos) quando Páris, de Troia, roubou Helena de seu marido, Menelau, rei de Esparta
Hadesdeus grego da morte e das riquezas. Forma romana: Plutão
Hagnoninfa que teria criado Zeus. No Monte Liceu, na Arcádia, havia um poço consagrado a ela e batizado em sua homenagem
Harpiacriatura fêmea alada que rouba objetos
Hécatedeusa da magia e das encruzilhadas. Controla a Névoa. Filha dos titãs Perses e Astéria
Hebedeusa da juventude; filha de Zeus e Hera, casada com Héracles. Forma romana: Juventa
Hefestodeus grego do fogo, do artesanato e dos ferreiros; filho de Zeus e Hera, casado com Afrodite. Forma romana: Vulcano
Hemeradeusa do dia. Filha de Noite
Heradeusa grega do casamento; esposa e irmã de Zeus. Forma romana: Juno
Héraclesforma grega de Hércules; filho de Zeus e Alcmena; o mais forte dos mortais
Hérculesforma romana de Héracles; filho de Júpiter e Alcmena, nasceu com grande força
Hermesdeus grego dos viajantes; guia dos espíritos dos mortos; deus da comunicação. Forma romana: Mercúrio
Hesíodopoeta grego que imaginou que seriam necessários nove dias para atingir o fundo do Tártaro
Hiperíonum dos doze titãs. Titã do Leste
Hipnosdeus grego do sono. Forma romana: Somnus
Hipocamposcriaturas que, da cintura para cima, têm corpo de cavalo e, da cintura para baixo, têm corpo de peixe prateado, com escamas reluzentes e nadadeiras nas cores do arco-íris. Eram usadas para puxar a carruagem de Poseidon, e seu movimento criou a espuma do mar
Hipódromoestádio grego para corridas de cavalos e carruagens
Hipogeua área debaixo de um coliseu que abrigava peças de cenário e o maquinário usado para os efeitos especiais
Horáciogeneral romano que, sozinho, deteve uma horda de invasores, sacrificando-se em uma ponte para evitar que os bárbaros atravessassem o rio
Hotel Lótushotel e cassino em Las Vegas onde Percy, Annabeth e Grover perderam tempo valioso durante uma missão
Icorfluido dourado que é o sangue dos deuses e imortais
Ictiocentauropeixe-centauro descrito como tendo patas dianteiras de cavalo, torso e cabeça humanos e cauda de peixe. Às vezes é retratado com um par de chifres semelhantes a garras de lagosta
Invídiadeusa romana da vingança. Forma grega: Nêmesis
Írisdeusa grega do arco-íris e mensageira dos deuses; filha de Taumante e Electra. A forma romana tem o mesmo nome
Janodeus dos portais, inícios e transições. Descrito como tendo dois rostos, porque olha para o futuro e para o passado
Jápetoum dos doze titãs; Senhor do Oeste. Seu nome significa Empalador. Quando Percy o combateu nos domínios de Hades, Jápeto caiu no Rio Lete e perdeu a memória. Percy o rebatizou de Bob
Junodeusa romana das mulheres, do casamento e da fertilidade; irmã e esposa de Júpiter; mãe de Marte. Forma grega: Hera
Júpiterrei romano dos deuses; também chamado de Júpiter Optimus Maximus (o melhor e o maior). Forma grega: Zeus
Juventadeusa romana da juventude. Forma grega: Hebe
Karpoiespíritos dos grãos
Katoptrisadaga de Piper, que já pertenceu a Helena de Troia. A palavra significa “espelho”
Lardeus da casa, espírito ancestral romano
Labirintolabirinto subterrâneo construído originalmente na ilha de Creta pelo artesão Dédalo para aprisionar o Minotauro (parte homem, parte touro)
Lestrigãomonstro canibal gigante do norte
Legionáriosoldado romano
Lemurestermo romano para fantasmas raivosos
Letófilha do titã Coio; gerou com Zeus Ártemis e Apolo; deusa da maternidade
Linha Pomerianalimite em torno de Nova Roma e, nos tempos antigos, os limites da cidade de Roma
Livros Sibilinosconjunto de profecias em versos rimados escritos em grego. Tarquínio Soberbo, rei de Roma, comprou-os de uma profetisa chamada Sibila e os consultava em épocas de grande perigo
Lupaloba romana sagrada que amamentou os gêmeos abandonados Rômulo e Remo
Mansão da Noitepalácio de Nix
Manticorecriatura com cabeça humana, corpo de leão e cauda de escorpião
Martedeus romano da guerra; também chamado de Marte Ultor. Patrono do império; pai divino de Rômulo e Remo. Forma grega: Ares
Medeiaseguidora de Hécate e uma das maiores feiticeiras do mundo antigo
Mercúriomensageiro romano dos deuses; deus do comércio, dos negócios e do lucro. Forma grega: Hermes
Minervadeusa romana da sabedoria. Forma grega: Atena
Minotauromonstro com cabeça de touro e corpo de homem
Minosrei de Creta, filho de Zeus; todos os anos obrigava o rei Aegus a escolher sete rapazes e sete moças para enviar ao Labirinto onde seriam devorados pelo Minotauro. Depois de sua morte, se tornou um juiz no Mundo Inferior
Mitraoriginalmente, deus persa do sol; Mitra era venerado pelos guerreiros romanos como guardião das armas e patrono dos soldados
Monte Tamalpaislocal na região da Baía de São Francisco, na Califórnia, onde os titãs construíram um palácio
Muskegpântano
Náiadesninfas da água
Narcisocaçador grego célebre por sua beleza. Era excepcionalmente orgulhoso e desdenhava aqueles que o amavam. Nêmesis, ao perceber isso, atraiu Narciso até um lago, onde ele viu sua imagem refletida na água e por ela se apaixonou. Incapaz de se afastar da beleza de seu reflexo, Narciso morreu
Nascidos da terragegeines em grego. Monstros de seis braços que vestem somente tangas
NecromanteionOráculo da Morte ou Casa de Hades em grego. Um templo de vários pavimentos onde as pessoas consultavam os mortos
Nêmesisdeusa grega da vingança. Forma romana: Invídia
Nereidascinquenta espíritos femininos do mar; protetoras dos marinheiros e pescadores e zeladoras das riquezas do oceano
Nessocentauro astuto que enganou Dejanira e a levou a matar Héracles
Netunodeus romano dos mares. Forma grega: Poseidon
Névoaforça mágica que disfarça coisas aos olhos dos mortais
Nicedeusa grega da força, da velocidade e da vitória. Forma romana: Vitória
Ninfadeidade feminina que dá vitalidade à natureza
Ninfeu/nynphaeum santuário dedicado às ninfas
Notodeus grego do Vento Sul. Forma romana: Auster
Nova Romacomunidade perto do Acampamento Júpiter onde os semideuses podem viver juntos e em paz, sem a interferência dos mortais ou de monstros
Numina montanumdeus romano da montanha. Forma grega: Ourae
Nixdeusa da noite; uma dos primeiros deuses elementais antigos a nascer
Ombreirapeça de armadura para o ombro e a parte superior do braço
Ouro imperialmetal raro letal para monstros, consagrado no Panteão; sua existência era um segredo muito bem guardado dos imperadores
Odisseulendário rei grego de Ítaca e herói do poema épico de Homero A odisseia. Forma romana: Ulisses
Ogígiailha mágica que é o lar e a prisão de Calipso
Ouraedeus da montanha em grego. Forma romana: Numina montanum
Panteãoconstrução em Roma, Itália, encomendada por Marcus Agrippa como um templo dedicado a todos os deuses da Roma Antiga e reconstruída pelo Imperador Adriano por volta de 126 EC.
Parcas, as Trêsna mitologia grega, mesmo antes da existência dos deuses, havia as Parcas: Clotho, que fia o fio da vida; Lachesis, a medidora, que determina a duração de uma vida; e Atropos, que corta o fio da vida com suas tesouras
Pasifaeesposa de Minos, amaldiçoada a se apaixonar por seu touro premiado e dar à luz o Minotauro (metade homem, metade touro); conhece as ervas e as artes mágicas
Pássaros da Estinfáliana mitologia grega, aves devoradoras de homens, com bico de bronze e penas metálicas afiadas que podiam ser lançadas contra suas vítimas; consagradas a Ares, o deus da guerra
Paterpai em latim; também é o nome de um antigo deus romano do Mundo Inferior, mais tarde incorporado por Plutão
Pégasona mitologia grega, cavalo divino alado; gerado por Poseidon, em sua figura de deus-cavalo, e nascido da górgona Medusa; irmão de Crisaor
Periclimenoum Argonauta. Filho de dois semideuses e neto de Poseidon, que deu a ele a habilidade de se transformar em vários animais
Peristiloentrada da residência particular do imperador
Perséfonerainha grega do Mundo Inferior; esposa de Hades; filha de Zeus e Deméter. Forma romana: Proserpina
Piazza Navonapraça em Roma, construída no local do Estádio de Domiciano, onde os cidadãos da Roma Antiga assistiam a jogos competitivos
Pilum (pl.: pila)lança usada pelo exército romano
Plutãodeus romano da morte e das riquezas. Forma grega: Hades
Polibotesgigante; filho de Gaia, a Mãe Terra
Polifemociclope; filho de Poseidon e Toosa
Porfírionrei dos gigantes na mitologia greco-romana
Portas da Morteportal para a Casa de Hades, localizado no Tártaro. As portas têm dois lados: um no mundo mortal, o outro no Mundo Inferior
Poseidondeus grego do mar; filho dos titãs Cronos e Reia, irmão de Zeus e Hades. Forma romana: Netuno
Pretor: pessoa eleita para magistrado e comandante do exército romano
Proserpina rainha romana do Mundo Inferior. Forma grega: Perséfone
Psiquejovem mortal que se apaixonou por Eros e foi forçada pela mãe dele, Afrodite, a conquistá-lo de volta
Quionedeusa grega da neve; filha de Bóreas
Quoitsjogo no qual os participantes arremessam ferraduras em uma estaca
Reia Sílviasacerdotisa e mãe dos gêmeos Rômulo e Remo, que fundaram Roma
Rio Aquerontequinto rio do Mundo Inferior; Rio da Dor, a punição suprema para as almas dos amaldiçoados
Rio Cócitoo rio das Lamentações no Tártaro, feito de infelicidade
Rio Flegetonterio de fogo que corre dos domínios de Hades para o Tártaro. Mantém os maus vivos para que suportem mais tormentos nos Campos de Punição
Rio Leteum dos vários rios do Mundo Inferior. Quem bebe dele perde a memória e esquece a própria identidade
Rio Tibreo terceiro maior rio em extensão da Itália. Roma foi fundada às suas margens. Na Roma Antiga, criminosos executados eram atirados no rio
Rômulo e Remofilhos gêmeos de Marte e da sacerdotisa Reia Sílvia, foram atirados no Rio Tibre por seu pai humano, Amúlio. Resgatados e criados por uma loba, fundaram Roma ao alcançar a idade adulta
Sátirosdeuses gregos da floresta, parte bode e parte homem. Forma romana: faunos
Saturnodeus romano da agricultura; filho de Urano e Gaia, pai de Júpiter. Forma grega: Cronos
Scipio: o pégaso de Reyna
Senatus Populusque Romanus (SPQR)“O Senado e o Povo de Roma”; refere-se ao governo da República Romana e é usado como emblema oficial de Roma
Spesdeusa da esperança; a Festa de Spes, o Banquete da Esperança, cai no dia primeiro de agosto
Estela (stela, pl. stelae)placa de pedra com inscrições usada como lápide
Uranopai dos titãs
Tânatosdeus grego da morte. Forma romana: Letus
Tântalona mitologia grega, esse rei era tão amigo dos deuses que jantava à mesa com eles. Até o dia em que contou os segredos deles para os mortais. Foi mandado para o Mundo Inferior, onde sua maldição foi ficar preso em um montante de terra, envolto por um lago e sob uma árvore frutífera, mas sem jamais poder beber água ou comer uma fruta
Tártaromarido de Gaia; espírito do abismo; pai dos gigantes; também a região mais profunda do mundo
Telquinesdemônios marinhos misteriosos, ferreiros nativos das ilhas de Chios e Rhodes; filhos de Tálassa e Pontos; conhecidos como crianças-peixes, tinham cabeça de cachorro e, no lugar das mãos, nadadeiras
Tempestadeamigo de Jason; um espírito das tempestades em forma de cavalo
Términodeus romano das fronteiras e dos marcos
Terradeusa romana do planeta Terra. Forma grega: Gaia
Teseurei de Atenas conhecido por muitas proezas, entre elas matar o Minotauro
Tibérioimperador romano de 14 EC a 37 EC. Foi um dos maiores generais de Roma, mas é lembrado por ter sido um governante recluso e sombrio, que nunca quis ser imperador
Tiquedeusa grega da boa sorte; filha de Hermes e Afrodite. Forma romana: Fortuna
Tirsoarma de Baco, um cajado encimado por uma pinha e envolto com hera
Titãspoderosas deidades gregas, descendentes de Gaia e Urano. Governaram durante a Era de Ouro e foram derrubados por deuses mais jovens, os olimpianos
Triptólemodeus da agricultura. Ajudou Deméter quando ela procurava a filha, Perséfone, que fora raptada por Hades
Trirremeantigo navio de guerra grego ou romano com três fileiras de remo de cada lado
Ventiespíritos do ar
Vênusdeusa romana do amor e da beleza. Era casada com Vulcano, mas amava Marte, o deus da guerra. Forma grega: Afrodite
Via Labicanaantiga estrada da Itália que levava na direção leste-sudeste, a partir de Roma
Via Principalisprincipal rua em um acampamento ou forte romano
Viagem nas sombrasforma de transporte que permite que criaturas e filhos de Hades viajem para qualquer lugar na Terra ou no Mundo Inferior. Deixa o viajante extremamente cansado
Vitóriadeusa romana da força, velocidade e vitória. Forma grega: Nice
Vulcanodeus romano do fogo, do artesanato e dos ferreiros; filho de Júpiter e Juno, casado com Vênus. Forma grega: Hefesto
Zéfirodeus grego do Vento Oeste. Forma romana: Favônio
Zeusdeus grego do céu; rei dos deuses. Forma romana: Júpiter